
Relação entre humanos e máquinas - créditos: divulgação
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27-04-2025 às 08h28
Alessandra Garcia(*)
Até pouco tempo atrás, saber lidar com tecnologia era sinônimo de dominar planilhas, criar apresentações no Power BI ou entender minimamente de sistemas corporativos. Hoje, a conversa é outra. Literalmente.
Em um mundo cada vez mais impulsionado pela inteligência artificial (IA), uma nova competência começa a se destacar como essencial para os profissionais que desejam manter sua relevância no mercado: saber dialogar com as máquinas.
Não, não estamos falando de programar. Estamos falando de algo muito mais acessível e, ao mesmo tempo, muito mais estratégico: a habilidade de formular comandos e orientações inteligentes para sistemas de IA, a chamada engenharia de prompts.
Uma nova alfabetização digital
Engenharia de prompts é o nome dado à capacidade de criar comandos claros, objetivos e eficientes para que as inteligências artificiais (como ChatGPT, Midjourney, Copilot e tantas outras) entreguem exatamente o que você precisa.
Parece simples, mas quem já tentou gerar uma boa resposta de IA sabe: a qualidade da sua pergunta determina a qualidade da resposta.
Saber se comunicar com uma IA virou uma nova forma de alfabetização no mundo do trabalho.
Segundo reportagem recente do El País, grandes empresas já estão buscando especialistas em prompts para integrar suas equipes. Profissionais que sabem formular as perguntas certas, refinar instruções e interpretar os resultados estão assumindo funções estratégicas, muito além da área de tecnologia.
Essa habilidade, até então pouco considerada, está sendo chamada de “a linguagem do futuro profissional”.
Carreiras em transformação
O impacto da inteligência artificial não se limita à automação de tarefas repetitivas. Ele está transformando como profissionais criam, pensam, tomam decisões e resolvem problemas.
Quem domina a interação com sistemas de IA não apenas ganha produtividade: ganha inteligência ampliada para inovar, antecipar tendências e propor soluções mais rápidas e criativas.
Um relatório recente da IBM aponta que, até 2027, mais de 40% dos cargos exigirão habilidades associadas à inteligência artificial e à análise de dados. E entre essas habilidades, não estará apenas “saber usar ferramentas”, mas saber conversar com elas de forma estratégica.
Ou seja: não basta mais usar tecnologia, é preciso saber conduzi-la.
O que isso significa para você?
Significa que, independentemente da sua área de atuação, marketing, direito, educação, recursos humanos, finanças, engenharia, a habilidade de interagir com IA será um diferencial competitivo.
Assim como o domínio de idiomas estrangeiros abriu portas no passado, hoje a fluência em “conversar com máquinas” é o que poderá acelerar (ou limitar) seu crescimento profissional.
E a boa notícia? Essa habilidade não é exclusiva de programadores ou engenheiros de software. Ela pode, e deve, ser desenvolvida por qualquer pessoa disposta a aprender a estruturar perguntas melhores, entender contextos e interpretar respostas com criticidade.
Como desenvolver essa competência?
Aqui vão passos práticos que qualquer profissional pode começar a aplicar:
- Entenda a lógica da IA: leia sobre como os modelos de linguagem funcionam. Quanto mais você compreende suas limitações e potencialidades, melhor consegue formular instruções.
- Pratique a engenharia de prompts: em vez de pedir respostas genéricas, experimente fazer perguntas mais específicas, dando contexto, objetivo e parâmetros claros.
- Aprimore seu pensamento crítico: não aceite a primeira resposta da IA como definitiva. Aprenda a refinar, questionar e interpretar.
- Seja curioso: explore diferentes usos da IA no seu campo de atuação. Há aplicações criativas surgindo todos os dias, estar antenado amplia seu repertório.
- Capacite-se: existem cursos rápidos, muitos gratuitos, que ensinam técnicas de prompt writing e práticas de interação com IA. Um pequeno investimento de tempo agora pode render grandes diferenciais competitivos no futuro.
O futuro é colaborativo entre pessoas e máquinas
A inteligência artificial não veio para substituir talentos humanos, veio para ampliar capacidades.
Mas quem não aprender a trabalhar em parceria com ela pode, sim, ser ultrapassado.
A capacidade de conversar com máquinas, interpretar respostas e transformar informações em ações será uma das moedas mais valiosas do mercado de trabalho.
Mais do que saber operar ferramentas, será preciso liderar ideias em ambientes onde humanos e máquinas constroem, cada vez mais, soluções em conjunto.
A nova pergunta que se impõe não é “será que a IA vai tirar meu emprego?”, mas sim:
“Como eu posso usar a IA para ampliar meu impacto?”
O futuro já começou. E ele se escreve, ou melhor, se conversa, um prompt de cada vez.
(*)Alessandra Garcia é mentora de carreira, gestão e liderança, especialista em educação corporativa, ajuda profissionais a construírem carreiras sólidas e alinhadas com seus propósitos