
A Silvicultura de Minas Gerais - créditos: Arquivo pessoal
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20-04-2025 às 09h00
Enio Fonseca(*)
Minas Gerais dispõe de 15 milhões de hectares com aptidão para projetos florestais, dos quais 7 milhões podem ser para empreendimentos do tipo brownfield (utilização de florestas já existentes) e 15 milhões para projetos greenfield (novos plantios destinados à instalação de indústrias futuras). Esses dados foram apresentados durante o evento Florestas UAI, realizado pela Associação Mineira da Indústria Florestal (AMIF) — entidade que representa o setor de florestas plantadas no estado, e que aconteceu nos dias 10 e 11 de abril em Belo Horizonte.
Para Adriana Maugeri, presidente da AMIF, “o estudo é, sem dúvida, um divisor de águas, pois oferece um direcionamento claro para um crescimento ordenado, sustentável e inclusivo do setor, alcançando diversas regiões, perfis de produtores e segmentos”.
O estudo foi encomendado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG) e pela Invest Minas, sendo conduzido pelo Grupo Index.
Além da grande disponibilidade de área, o estado se destaca por outros fatores que reforçam sua atratividade para investimentos: excelente disponibilidade hídrica, preços competitivos da terra, regime tributário diferenciado, uma cadeia de valor diversificada, e o fato de possuir a maior área plantada de eucalipto do país. A silvicultura está presente em 811 dos 853 municípios mineiros, evidenciando sua capilaridade e importância socioeconômica.
O estudo revela ainda que Minas Gerais oferece um dos melhores Valores de Terra Nua (VTN) do Brasil para fins florestais, com média de R$ 9,8 mil/ha, podendo chegar a R$ 2,8 mil/ha nas regiões mais promissoras — como o Norte, Noroeste e Central do estado. Esse cenário, aliado a um clima favorável, proporciona uma produtividade florestal competitiva, muitas vezes superior à de outros polos já saturados, projetando Minas como o novo destino estratégico para investimentos industriais florestais no Brasil.
Com a recente simplificação do licenciamento ambiental da atividade de silvicultura, que por força legal passou a ter enquadramento como de menor impacto ambiental, foi diminuído o tempo para a emissão dos atos autorizativos oficiais, enquanto surge uma oportunidade crescente n o aumento global da demanda por produtos sustentáveis, como o aço verde, o que coloca Minas como protagonista na transição para uma economia verde.
O estudo recomenda a criação de políticas públicas focadas em quatro eixos: melhorias logísticas, aumento da produtividade florestal com apoio técnico e pesquisa, capacitação de mão de obra especializada, e ampliação dos benefícios fiscais para atrair novos investimentos.
O Setor agroflorestal mineiro tem números robustos a apresentar, de acordo com o site da AMIF:
Ele é a maior cultura agrícola do estado, com cerca de 2,2 milhões de ha plantados, representando 22% de toda a área plantada no Brasil, que é de 10,3 milhões de hectares. Também, em Minas, o setor conserva mais de 1,3 milhão de hectares de vegetação nativa, mais da metade de toda a área conservada pelo próprio estado, por exemplo.
Entre janeiro de 2021 e agosto de 2024 foram colhidos aproximadamente 1,04 milhões de hectares de florestas plantadas.
O estoque de carbono nos plantios de eucalipto, em Minas, registrado no ano de 2023, foi de 74 milhões de toneladas deste elemento.
Esse setor movimenta cerca de R$ 10 bilhões por ano, gera mais de 300 mil empregos diretos e indiretos, e contribui significativamente para as exportações mineiras com produtos como celulose, papel e carvão vegetal sustentável.
A Silvicultura é a ciência e a arte de cultivar, manejar e conservar florestas e recursos naturais associados. A palavra silvicultura vem do latim e significa “floresta” (silva) e “cultivo de árvores” (cultura), sendo uma atividade secular que se enquadra como vinculada ao agronegócio.
A Silvicultura clássica abrange as florestas naturais, e a moderna, opera com as florestas plantadas. A atividade oferece, além de produtos madeireiros, outros serviços e bens com destaque para absorção de CO2, ajudando nas iniciativas associadas às mudanças climáticas, na melhoria da infiltração hídrica, preservando ecossistemas , evitando o desmatamento de matas nativas, sendo uma fonte energética e gerando emprego e renda.
A silvicultura no Brasil começou há mais de um século, com o plantio de florestas para produção de madeira. Em 1903, Navarro de Andrade trouxe mudas de eucalipto para produzir madeira para dormentes das estradas de ferro. Em 1947, começou o plantio de pinus.
A atividade é realizada de forma aderente a todo um rígido arcabouço legal associado, que incluem normas de segurança no trabalho e proteção ao trabalhador, de atendimento aos aspectos tributários, e em especial aquelas ligadas à rígida legislação ambiental.
As boas técnicas de manejo florestal são observadas nos plantios realizados e incluem criação de corredores ecológicos de vegetação nativa, proteção de áreas de preservação permanente e reserva legal, manejo adequado do solo e dos recursos hídricos, e envolvimento das comunidades associadas aos empreendimentos, num processo de busca de sinergias e melhoria das condições sociais locais.
A recuperação de áreas degradadas em nosso País, especialmente pastagens, encontra na atividade de silvicultura, uma técnica eficiente para resgatar estes espaços subutilizados ou abandonados.
Como Engenheiro Florestal, assisto com orgulho o desempenho do setor no Estado.
(*)Enio Fonseca é CEO da Pack Of Wolves Assessoria Socioambiental, foi superintendente do Ibama, Conselheiro do Copam, Diretor de Meio Ambiente da SAM METAIS e Diretor da ALAGRO
iretor da ALAGRO