
Suportar a vida humana no compasso em que vai – e como sempre foi – de fato, o inferno é aqui mesmo. CRÉDITOS: Freepik
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14-04-2025 às 09h05
João Felipe S. Lima*
Ainda bem que o tempo passa rápido. Imagine se o ser humano vivesse 500 anos? Suportar a vida humana no compasso em que vai – e como sempre foi – de fato, o inferno é aqui mesmo. Basta recorrer aos escritos mais antigos, a própria Bíblia, o Antigo Testamento, o que mais se lê são os conflitos, as guerras, um morticínio danado.
O que mudou de lá para cá? Só as armas. Nos tempos de antanho, as guerras eram no corpo a corpo, sangrentas mesmo. As de hoje são piores porque matam muitos em menos tempo e tomamos conhecimento por meio do noticiário da mídia, que nos dá fragmentos apenas de uma guerra fratricida, como fratricidas sãos todas as guerras, como as que de longe assistimos – Iraque, Afeganistão, Líbia etc.
E mais recentemente temos Hesbollah, Hamas, Israel, Rússia, Ucrânia. Uma nuvem escura que parece cobrir o planeta.
A Terra é linda. As atuais fotografias do nosso planeta superam muitas vezes a famosa frase de Yuri Gagarin, o russo que pela primeira vez nos revelou: “A Terra é azul”.
Uma atmosfera a envolve assim como nuvens que se transformam em chuva e caem sobre a Terra, fertiliza o solo e se torna rios de água doce (e salgada do mar) que mata nossa sede.
A Terra tem belas praias, lindos e misteriosos rios caudalosos e florestas maravilhosas mágicas como a Amazônica e o Cerrado; animais quadrúpedes em quantidade; pássaros multicoloridos que vivem em paz, sujeitos as regras naturais dos predadores.
Apesar de toda a beleza que Deus nos deu, somos capazes de inverter a ordem divina. Vamo-nos matando uns aos outros assim como Ele nunca, jamais, em tempo algum, nos ensinou.
Vamo-nos esquecendo ou relegando os valores verdadeiros que dão ao homem e a mulher a melhor direção. E assim estamos gerando uma sociedade cada vez mais monstruosa, com filhos dotados de patologias várias, que revelam indivíduos como o assassino de uma dúzia de crianças e que outras tantas ele feriu.
Esse indivíduo chocou o Brasil e o mundo ao exteriorizar toda a sua loucura, utilizando-se de um revólver para matar. Mas há aqueles que, sem querer fazer comparações, matam muito mais. São muito mais loucos como os que se utilizam de uma caneta para sarcasticamente determinar o fim ou a escravidão de milhares, senão milhões de crianças que não têm o que comer.
Milhares aqui e milhões de crianças no mundo afora morrem de fome. As que resistem crescem analfabetas. Ignoram os hábitos básicos de higiene. Tantas são as carências e as injustiças que devemos incluir neste rol tudo aquilo que sobra ou é desperdiçado onde se tem muito do que falta para quem pouco ou nada tem.
Para retomar o mote deste monólogo, só para costurar e dar mais sentido a este texto, imagine se diante deste quadro mal pintado se o ser humano tivesse a capacidade de viver 500 anos. Seria um horror! Seria tempo para quintuplicar a maldade humana.
A não ser que o indivíduo no percurso desse caminho longo tivesse a capacidade de desnudar-se do egoísmo, o sentimento que gera todos os demais males que afligem a humanidade.
A não ser que o homem e a mulher descobrissem que foram feitos a imagem e semelhança de Deus, cuja centelha em cada um de nós assegura-nos a vida. O mundo então viveria em paz. E no nosso meio não haveria necessitados.
Teríamos tempo para aprender que as divisões e as fronteiras que os seres humanos se impõem inexistem, são convencionadas de acordo com interesses diversos. Então a vida e a partilha de tudo que significa vida seriam a prática diuturna. Assim nos valeria viver séculos.
Entretanto, no compasso do passo da caminhada humana sobre a Terra, apesar de haver todo amor à vida, a maldade de aparente vitória nos faz pensar que Deus demora a pôr termo a tanta desumanidade.
* João Felipe S. Lima é jornalista