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Sede do grupo João Santos em Recife, Pernambuco. CRÉDITOS: Divulgação
O plano prevê o pagamento de até 30 salários mínimos para credores trabalhistas e um desembolso
total de R$ 479 milhões em curto prazo.
11-02-2025 às 09h16
Direto da Redação*
Desde o início do processo de recuperação judicial, foram reativadas duas unidades fabris, passando o grupo a contar hoje com quatro fábricas em operação. Para este ano, a expectativa é o reinício de funcionamento de mais dois parques industriais, caminhando para a retomada de seu protagonismo na indústria do cimento.
Com pouco mais de um ano de trabalho, o grupo retomou a operação de duas fábricas, somando quatro em atividade em 2023, o que resultou em um faturamento de R$ 1 bilhão.
Segundo a Folha de Pernambuco, de 08 de fevereiro, em matéria assinada por Patricia Raposo, a 15ª Vara Cível, Seção B, do Tribunal de Justiça de Pernambuco, homologou o Plano de Recuperação Judicial (PRJ) do Grupo João Santos, com base no aditivo aprovado na Assembleia Geral de Credores.
O plano prevê o pagamento de até 30 salários mínimos para credores trabalhistas e um desembolso total de R$ 479 milhões em curto prazo. A decisão também incluiu a dispensa temporária da apresentação de certidões negativas de débitos fiscais estaduais e municipais, com prazo de 180 dias para regularização. O juiz considerou válidos os procedimentos adotados e destacou a necessidade de preservar a continuidade do grupo.
Na próxima segunda-feira, dois mil ex-funcionários, de um total de 23 mil que aguardam decisão judicial, irão receber seus créditos, encerrando um ciclo de inadimplência. Os demais credores trabalhistas precisam entrar em contato com o grupo para informar suas contas correntes. “Em até um ano, todos vão receber”, assegurou João Rogério, da PPK Consultoria, um dos responsáveis pelo processo de recuperação judicial.
“Esse é um dos planos mais democráticos que a Recuperação Judicial já promoveu no Nordeste. Estamos quitando o crédito de 90% dos credores trabalhistas. A contestação é limitada a apenas 0,5% dos créditos, ou seja, a 115 pessoas. E esses correspondem a R$ 250 milhões da dívida, um terço do total devido às 23 mil pessoas”, sustenta João Rogério.
O Grupo João Santos aguardava a homologação do plano de recuperação judicial já aprovado pela maioria dos credores, para iniciar a venda de seus ativos imobiliários, majoritariamente localizados em áreas rurais, como a Usina Santa Tereza, em Goiana (PE).
Segundo João Rogério Filho, da PPK Consultoria, que conduz o processo juntamente com o advogado Gustavo Matos, sócio do Matos Advogados, a expectativa é arrecadar R$ 800 milhões com essa desmobilização, verba que será destinada ao pagamento das obrigações tributárias e aos credores da Classe 1, que reúne 23 mil trabalhadores.
Os credores do Grupo João Santos (GJS) aprovaram o plano de recuperação judicial da companhia em assembleia geral realizada em novembro passado, com aval de 58,86% dos credores presentes.
O grupo já havia firmado o maior acordo de transação tributária do país com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), assegurando a quitação do FGTS a mais de 20 mil trabalhadores.
As atividades do grupo no segmento sucroalcooleiro foram iniciadas em 1934, na cidade de Goiana, em Pernambuco, ampliando os segmentos de atuação a partir de 1951 com a fundação da fábrica de Cimento Nassau, marca reconhecida nacionalmente. Anos depois, mais cinco fábricas foram incorporadas nos estados do Pará, Bahia, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará e Espírito Santo. Posteriormente, o grupo expandiu sua atuação para os segmentos de celulose, agronegócios, comunicação e serviços como táxi aéreo e logística..