A fonte fóssil, que tem sua importância relativa pequena na matriz, em especial para a região carbonífera do sul do Brasil, não tem previsão de novas unidades produtivas a partir de 2026.
20-01-2025 às 09h00
Ênio Fonseca*
O levantamento é feito anualmente, desde 1997, pela ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica, órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia, um recorde histórico, e ultrapassou em 747,35 MW a meta definida pela Agência para 2024, que era de 10.106 MW.
De acordo com o site GOV Br, o ano de 2024 também quebrou recorde quanto ao número de usinas instaladas: foram 301 novas plantas em 16 estados brasileiros. Desse total, 91,13% da potência instalada é proveniente das fontes solar fotovoltaica (51,87%) e eólica (39,26%). Entre as novas usinas implantadas no ano, estão 147 solares fotovoltaicas (5.629,69 MW), 121 eólicas (4.260,57 MW), 22 termelétricas (906,70 MW), nove pequenas centrais hidrelétricas (51,80 MW) e duas centrais geradoras hidrelétricas (4,60 MW). Entre os estados com mais usinas instaladas no ano, os destaques, em ordem decrescente, foram Minas Gerais (3.173,85 MW), Bahia (2.408,67 MW) e Rio Grande do Norte (1.816,38 MW).
Em janeiro, o Brasil somou 208.930,5 MW de potência fiscalizada, de acordo com dados do Sistema de Informações de Geração da ANEEL, o SIGA, atualizado diariamente com dados de usinas em operação e de empreendimentos outorgados em fase de construção.
Desse total em operação, ainda de acordo com o SIGA, 84,95% das usinas são consideradas renováveis.
Uma abordagem mais detalhada do crescimento da oferta centralizada de energia elétrica no Brasil pode ser encontrada no painel RALIE da Aneel, que reúne informações sobre a expansão da matriz elétrica. O quadro abaixo apresenta o planejamento de crescimento do setor elétrico brasileiro, a partir dos estudos da EPE, Empresa de Pesquisas Energéticas, órgão vinculado também ao MME, Ministério de Minas e Energia, e do ano de sua implantação prevista.
Fonte Aneel painel RALIE Ano de previsão da operação comercial.
Observa-se que as fontes eólica e solar durante os próximos anos liderarão a implantação de novos parques geradores, devendo ser registrado, que embora também energia verde renovável, possuem característica de intermitência, dependendo de outras fontes consideradas firmes, para se garantir a segurança energética.
Dentre as fontes consideradas firmes temos a geração hidráulica, que vem diminuindo sua participação relativa nas matrizes elétrica e energética do país, pela diminuição drástica da construção de Usinas Hidrelétricas, em especial aquelas dotadas de grandes reservatórios, que podem ter uso múltiplo, e garantem o fornecimento de água para diferentes finalidades durante os períodos de seca, tendo ainda importância para controle de cheias durante extremos climáticos.
Podemos observar no quadro acima o pequeno incremento em energia desta fonte ao longo dos anos que virão. É preciso lembrar que poucas décadas atrás, a fonte hídrica representava cerca de 90% de nossa matriz elétrica.
A fonte fóssil, que tem sua importância relativa pequena na matriz, em especial para a região carbonífera do sul do Brasil, não tem previsão de novas unidades produtivas a partir de 2026.
A fonte biomassa possui planejamento de oferta superior à hidroeletricidade.
Já a fonte nuclear, também conhecida como uma fonte que não tem emissões, não tem previsão de novas unidades produtivas no País.
Quando observamos aspectos de segurança energética, modicidade tarifária, impactos ambientais, temos que alertar sobre a necessidade da retomada da construção de novas usinas hidrelétricas, de todos os portes, em especial aquelas com grandes reservatórios.
*Enio Fonseca CEO da Parck of Wolves Assessoria Socioambiental, foi superintendente do Ibama, conselheiro do Copam, superintendente de Gestão Ambiental do grupo Cemig, membro da Alagro