Já se passaram mais de 40 anos. E ele continua o mesmo, perambulando pelas ruas da cidade, levando um saco às costas, com essa mesma roupa.
13-01-2025 às 10h06
Bento Batista*
Este homem é uma incógnita.
Esta é a segunda vez que vou dizer a mesma coisa sobre ele: merecia ser estudado pelos cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Explico o porquê.
Ele vive pelas ruas da cidade cheirando éter.
Por onde passa, deixa atrás de si facho do cheiro de éter.
A primeira vez que eu o vi foi no início da década de 80.
Ele estava sentado na calçada do Viaduto Santa Tereza e cheirava éter.
Na ocasião, eu morava na Avenida Francisco Sales e trabalhava na na Rua Goiás, no Centro.
Ia para o trabalho quando vi esse homem pela primeira vez.
Já se passaram mais de 40 anos. E ele continua o mesmo, perambulando pelas ruas da cidade, levando um saco às costas, com essa mesma roupa.
Como explicar isso?
Significa que ele é conservado pelo éter?
Ele parece nunca tomar banho.
Dá a impressão de ser “um homem de barro”, recém-saído de um barranco.
Já tentei conversar com ele, mas não me deu a menor atenção. Saiu inopinadamente resmungando alguma coisa desconexa.
Qual será a alimentação de um homem que vive nessas circunstâncias?
Será que ele bebe água?
Não adoece?
Essas e outras indagações poderiam ser respondidas, se ele fosse estudado pelos cientistas da UFMG.
Quem sabe, esse homem carrega atrás da crosta que o cobre da cabeça aos pés um avanço para a ciência humana?
*Jornalista