São mais de 12 mangueiras, manga carlota. Gosto muito de passar por ali. Toda vez agradeço a Deus por manter essas mangueiras majestosas, espargindo o “prana”, a energia vital, o frescor, aos quadrantes.
22-12-2024 às 15h15
Bento Batista*
Moro há mais de 30 anos na região do Bairro Santo Antônio, em Belo Horizonte (MG). Trânsito pela Rua Carangola com frequência. E por via de consequência, passo debaixo das mangueiras da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) já faz essa temporada toda.
São mais de uma dúzia de mangueiras, manga “carlota”, salvo engano. Gosto muito de passar por ali. Toda vez agradeço a Deus por manter essas mangueiras majestosas, espargindo o “prana”, a energia vital, o frescor, aos quadrantes.
Até penso se um dia elas não mais existirem ali, afinal, irão morrer como todo ser vivo, o espaço ocupado por elas ficará num vazio de fazer dó. A não ser que sejam substituídas.
Entretanto, o importante para o momento é que as mangueiras estão vivinhas e em processo de produção, o que satisfaz o meu estômago e o coração, porque amo-as e gostaria de um dia abraçar cada uma delas, quando não mais precisar usar máscara.
Essas mangueiras me surpreendem quase toda vez em que passo por elas. Até conto no meu primeiro livro – Nos Pirineus Da Alma – um episódio ocorrido comigo e meus filhos, quando eles ainda eram crianças. Descíamos a Rua Carangola e ao passarmos debaixo das referidas mangueiras, eu disse a eles:
– Vai cair agora uma manga e nós vamos chupá-la aqui mesmo.
No mesmo instante uma manga caiu e nós a chapamos ali mesmo. Foi incrível! Os meninos ficaram encabulados.
Hoje cedo, eu descia a Rua Carangola mais uma vez e pude exercitar a minha comunicação com as mangueiras da Copasa ao ter a ideia de escrever um texto sobre elas, minhas velhas amigas desde esse tempão todo. Delas já chupei muita manga.
Assim é que, fiz uma série de fotos e a propósito publico para ilustrar este texto. Sacadas as fotos, desci a rua e mais tarde, ao retornar para casa, passei de novo por elas e me lembrei de contar quantas mangueiras são, afinal.
Ao chegar de novo debaixo delas com a intenção de contá-las, antes mesmo de adentrar o portão aberto, uma manga caiu às minhas costas. Senti até o ventinho dela na queda.
Voltei-me e apanhei a manga. Recebi-a como uma forma de gratidão das mangueiras e, mais uma vez, percebi a possibilidade de haver entre nós uma comunicação.
A manga podia cair no meio da minha cabeça. Mas não, elas não seriam agressivas assim. Pelo contrário, a manga caiu como as mangas caem das mangueiras, mas esta foi diferente de todas. Tinha nela uma boa dose de gratidão antecipada por eu, naquele momento, estar com a intenção de escrever este texto sobre elas.
Agora, se me permitem, licença peço para encerrar.
Vou chupar a manga com sabor de agradecimento antecipado daquele majestoso conjunto de mangueiras.
*Jornalista, escritor e colunista