O enfoque da notícia exaltou a ferramenta, em vez de enaltecer o trabalho da instituição, que evitou gastos irregulares em obras públicas no valor de R$ 20 milhões
17-12-2024 às 08h56
Direto da Redação
Afinal, foi o robô Apolo e não o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCEMG) que evitou gastos irregulares em obras públicas no valor de R$ 20 milhões? Claro que foi o TCE, porque o robô, peça importante no processo, é só um instrumento como qualquer um outro, que não teria condição de, por si mesmo, tomar a iniciativa de alcançar o bom resultado.
A imprensa de modo geral – e o próprio jornal do TCEMG – exaltou o feito como sendo do robô. E de certo modo esse tratamento “roubou” o mérito da instituição da qual o instrumento é só mais um e mais eficiente para servir à competência de quem o aciona para evitar o que este evitou.
O Tribunal se utilizou do robô para tornar a fiscalização mais ampla e eficiente, e conseguiu, mérito não do instrumento, mas dos fiscais da instituição. Como ferramenta automática, ao ser acionado pelo TCE, analisou com a rapidez e eficiente peculiar, 615 editais de quase 300 cidades mineiras.
Ao constatar sobrepreço em itens de planilhas orçamentárias, cumpriu com a expectativa da Diretoria de Fiscalização Integrada e Inteligência chamada Suricato, que enviou 50 ofícios para as prefeituras e em 100% dos casos, os editais passaram por correção antes de as propostas serem abertas. As tais licitações alcançavam mais de R$ 655 milhões.
O interessante é que a ferramenta compara os custos unitários informados na planilha orçamentária da licitação com as informações nas tabelas referenciais.
O robô Apolo faz a comparação entre os custos unitários informados na planilha orçamentária da licitação com os informados nas respectivas tabelas referenciais. A Unidade Técnica do Tribunal envia um comunicado para o órgão público quando depara com “alguma discrepância”, como o sobrepreço calculado para o edital em análise.
Somavam R$ 5,7 bilhões de recursos públicos fiscalizados, os 600 editais examinados pelo robô Apolo.
“A utilização de ferramentas como o Apolo amplia a capacidade de fiscalização do Tribunal. Ao agilizar tarefas que consumiriam muito esforço humano é possível empregar a capacidade intelectual dos auditores em análises mais complexas. Nesse projeto, a cooperação homem e máquina permitiu um alcance expressivo da fiscalização, analisando licitações de obras e serviços de engenharia de diversos municípios mineiros e auxiliando a administração pública a corrigir eventuais irregularidades tempestivamente, evitando, assim, contratações com sobrepreço”, narrou o idealizador do robô, Thiago Barroso, analista de Controle Externo do TCEMG.