Mas os cafés de Paris me atraem. Trazem-me imagens de estabelecimentos de arquitetura antiga com toldo, tipo Café de Flore, com cadeiras do lado de fora.
27-11-2024 às 09h:31
Alberto Sena*
Sinto saudade enorme dos cafés de Paris, mas nunca fui a Paris, na França, a não ser em 2002, quando iniciamos, eu e ela, Sílvia, o Caminho de Santiago de Compostela, a partir de Saint-Jean-de-Pied-de-Port, ao Sul do território francês.
Mas tenho a sensação de já ter ido a Paris. Acredito seja devido à leitura do livro “Paris é Uma Festa”, do norte-americano Ernest Hemingway. Era onde ele, às vezes, sentava-se à uma mesa para escrever. Funcionava como um escritório.
Mas posso ter sido influenciado também pelo livro “Idade da Razão”, de Jean Paul Sartre ou talvez essa sensação não passe de um laivo, ou uma fresta aberta no Inconsciente.
Mas os cafés de Paris me atraem. Trazem-me imagens de estabelecimentos de arquitetura antiga com toldo, tipo Café de Flore, com cadeiras do lado de fora. O interior sombrio, porém, aquecido, principalmente no inverno, com cheiro de café, evidentemente, e de tabaco.
Acho também que essa saudade dos cafés parisienses está relacionada com leituras sobre os esgotos de Paris. E já li também que a tendência de Paris é a de afundar por causa desses esgotos.
Talvez tenha a ver com os filmes franceses, como os de Brigitte Bardot, Alain Delon, Jean-Paul Belmondo e os grandes cantores Edith Biaf e Charles Aznavour.
Essa saudade a lá parisiense está intimamente estimulada pela leitura do livro Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas. É, pode ser que o DNA da sensação de já ter ido a Paris, sem nunca ter estado lá, esteja relacionada a essa obra prima.
Senão, alguma relação deve haver com o livro do colega de redação, tanto no jornal Estado de Minas como no Hoje em Dia, Roberto Drummond, que escreveu A Morte de DJ em Paris, com o qual ele ganhou o Prêmio Literário do Paraná, salvo engano na década de 1970, sem nunca ter ido a França.
Sei não, mas, que tenho saudade de Paris sem nunca ter ido lá, tenho.
Acredito, Paris é uma festa, como escreveu Hemingway.
Um dia, quem sabe, se se Deus quiser, mato essa saudade, indo lá de verdade.
*Jornalista e escritor