O “Trem do Sertão” entrava em Minas por Monte Azul e seguia para Montes Claros, Corinto, Curvelo e Sete Lagoas, até BH, onde se fazia baldeação para o Trem Vera Cruz rumo ao Rio de Janeiro
24-11-2024 ÀS 08H18
Direto da Redação
Na alma de todo mineiro das gerações de mais idade está gravado o som agudo do apito da famosa Maria Fumaça, máquina condutora do trem de ferro. A Maria Fumaça, que era movida a vapor de carvão vegetal, foi substituída pela máquina movida a óleo, cujo apito já não era estridente como o da máquina anterior. Era um som mais grave – “tooommm… – mas com o mesmo poder de ficar gravado na alma de quem o ouvia.
O mundo inteiro possui trens de passageiros e só aqui, nesta Minas Gerais atualmente não há, a não ser esse que chamam de metrô, aqui em Belo Horizonte. Mas antes, até a década de 1980, corria pelos trilhos da Central do Brasil um trem que partia de Salvador, na Bahia, e ia até o Rio de Janeiro, pelo trem Vera Cruz, elétrico.
O chamado “Trem do Sertão” entrava em Minas por Monte Azul e seguia para Montes Claros, passando por Corinto, Curvelo e Sete Lagoas, até Belo Horizonte, onde se fazia baldeação para o Trem Vera Cruz rumo do Rio de Janeiro.
É incompreensível essa falta de um trem de passageiros, considerando que países bem menores que o Estado de Minas, como Japão e Israel têm o seu trem e quem quiser pode dar um giro pela Europa de trem e muito bem. Será que as nossas autoridades não enxergam isso?
Um erro do então presidente Juscelino Kubistchek foi privilegiar a indústria automobilística em detrimento do transporte via estrada de ferro, quando podia fazer a duas coisas concomitantemente, e a nossa realidade em termos modais seria outra bem melhor.
O que um trem de ferro com a sua fileira de vagões pode transportar em uma só viagem, substituiria certamente todo o transporte feito por rodovias, cuja manutenção é muito mais cara do que a férrea.
Há, aqui, por essas plagas, o “Movimento Pela Volta do Trem de Passageiros na RMBH e Entorno”, criado por especialistas do setor e também usuários com o intuito de resgatar o trem de passageiros na região.
É preciso entender que o fim da concessão da Ferrovia Centro Atlântica (FCA) é previsto para 2026, o movimento acredita ser esta uma oportunidade de reivindicar o que é o desejo de milhares de pessoas em BH e da Região Metropolitana.
Se nas regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro os trens urbanos são utilizados para transporte de passageiros, por que aqui não?, sendo que se trata de uma alternativa eficiente de deslocamento, fora o alívio que pode dar ao tráfego rodoviário, que além de caro, é muito mais perigoso.
Itamar Marques, do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro e participante do Fórum de Mobilidade Urbana do Rio de Janeiro adere ao movimento mineiro pela volta do trem de passageiros na RMBH e entorno e até encabeça um abaixo-assinado nesse sentido.