Mas é importante refletir sobre o que os hortigranjeiros que foram “expulsos” estão fazendo para sobreviver porque os sacolões adquirem suas mercadorias diretamente da Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa).
21-11-2024 às 09h:03
Direto da Redação
Tivemos que rodar o mercado Central de Belo Horizonte, considerado o terceiro melhor do mundo, para comprar cebolinha, alecrim, salsinha. Hortifrutigranjeiros ficam difíceis de ser encontrados, depois que ao espaço teve a sorte ou não de ganhar os investimentos da casa de jogos denominada KTO. Quase de repente, o mercado começou a substituir os produtos tradicionais por lojas de todos os tipos, com instalações atraentes, porém totalmente ao contrário dos produtos que fizeram dele um dos melhores do mundo.
“Horrível” – esta foi a respostas de um vendedor de hortigranjeiro no Mercado Central, em Belo Horizonte, quando lhe perguntei o que ele está achando das mudanças que estão sendo introduzidas naquele tradicional espaço. Enquanto ele ensacava o que demoramos a encontrar e era encontrado antes em muitas bancas, dizia que “estamos sendo expulsos do mercado”, disse com o semblante marcado pela desolação.
- A produção é sua? – Perguntei.
- Não, é do meu irmão, mas eu compro na mão dele e revendo aqui.
- Está difícil? Perguntei.
- Está, o aluguel encareceu! Estão nos expulsando – ele disse.
E a impressão é essa mesma, a nova fase do Mercado Central, instituído desde 1932, está mudando totalmente o perfil do espaço e se isso é bom ou ruim só o tempo irá dizer. E se essa mudança repercutirá na fama de terceiro melhor mercado do mundo, é preciso dar tempo ao tempo.
Mas é importante refletir sobre o que os hortigranjeiros que foram “expulsos” estão fazendo para sobreviver porque os sacolões adquirem suas mercadorias diretamente da Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa).
Para dizer tudo em português claro, com a entrada do KTO no mercado, a “pobreza” vai sendo empurrada para outros cantos, porque para comprar as coisas ali, é preciso gastar dinheiro. Só para se ter uma ideia da carestia do mercado, atualmente há carência de abacate, que antes era vendido a R$ 8 o quilo nos sacolões e passou a custar R$ 28 de uma hora para outra, mas no Mercado Central o preço era de R$ 35 o quilo.
Evidentemente, as mudanças estão sendo introduzidas e há os que acham boas, mas alguns frequentadores assíduos do mercado não aprovam. E não aprovam por se ratar de “uma casa de jogos de azar”. A resposta clara de que a direção do mercado entendeu a reação contrária é que teve de retirar o KTO da placa na entrada principal da Avenida Augusto de Lima.