MEMÓRIAS DO DIÁRIO DE MINAS
Soelson Barbosa
O primeiro jornal diário dos mineiros foi fundado em 1866 por J.F. Castro em Ouro Preto, capital da província de Minas Gerais. Ao longo de 147 anos e mais de 41 mil edições publicadas, teve uma trajetória impar na história de Minas Gerais e do Brasil.
Passou por Juiz de Fora, no governo do presidente Marechal Hermes da Fonseca, até chegar a sua terceira versão na recém inaugurada capital mineira, cidade das alterosas, Belo Horizonte.
Nesse período passaram pelo Diário de Minas grandes vultos das letras e do jornalismo brasileiro. Retoma agora a sua viagem de volta para o futuro por que o presente está só começando, e agora, para o mundo.
O Diário de Minas marcou uma época em que a distância e o tempo percorridos pela notícia eram uma verdadeira aventura. Nem por isso deixou morrer o seu sonho de uma imprensa livre e democrática, capaz de criar e influenciar novos conceitos e atitudes, onde o conservadorismo era pressuposto para a formação do caráter do cidadão, e somente ele ousava evoluir em função de uma imprensa mais independente, capaz de influenciar as pessoas em busca de uma sociedade progressista que fosse mais justa, fraterna e igualitária.
Diante disso, adotou bandeiras importantes e fundamentais para o ideal libertário de Minas Gerais, latente no coração e na mente daqueles que contribuíram sobremaneira com Minas e o Brasil, defendendo, em suas primeiras edições em Ouro Preto, a abolição da escravatura, e mais tarde, a adoção do regime republicano.
Quando a sede era em Juiz de Fora, e estava à frente do jornal, o jurista e jornalista, Augusto de Lima, defendeu sem temores a transferência da capital mineira de Ouro Preto para Belo Horizonte, época em que, os seus primeiros editores, Raul Pompéia e demais colegas, também escritores, defendiam a criação da Academia Brasileira de Letras.
Com a capital já em Belo Horizonte, após uma transição pacífica liderada pelo recém nomeado governador Augusto de Lima, seu ex-editor geral, começou a sua terceira versão, então, no comando do presidente (governador) de Minas Gerais, Francisco Sales, que viu no jornal um grande instrumento para defesa dos interesses do estado. Francisco Sales depois foi senador por Minas Gerais e, mais tarde, ministro da Justiça de Getúlio Vargas.
Em seguida, o Diário de Minas foi presidido por Noraldino de Lima, que mais tarde se tornou governador de Minas.
O ex-prefeito de Belo Horizonte, Negrão de Lima, dirigiu o Diário de Minas, época em que, em sua redação, nascia o apelo e a campanha pela criação do banco Credireal e a luta pela criação da UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais, travada pelo seu editor geral, Mendes Pimentel, em seguida, fundador da universidade.
O Diário de Minas assumiu abertamente, o apoio irrestrito à candidatura de Juscelino Kubistchek à Presidência da República. Adquirido pelo extinto Banco Nacional, de propriedade do empresário e banqueiro, Magalhães Pinto, teve a missão de elegê-lo governador de Minas, em uma disputa histórica com o ex-presidente Tancredo Neves.
Nessa incrível viagem pelo tempo, nunca um veículo de comunicação foi tão representativo e ativo em causas nobres como o DM, assim carinhosamente chamado por todos e por um de seus grandes expoentes, Carlos Drummond de Andrade, que esteve comandando a sua redação por sete anos, até chegar às mãos de seu novo dono, Januário Carneiro, fundador da rádio Itatiaia e Tv Vila Rica, atual Band, proprietário da empresa, Força Nova Comunicação à época.
Nesse período, em sua redação um grupo de jovens percebendo os momentos difíceis que o jornal passava, adquire o mesmo sobe a liderança do jornalista Maurílio Brandão. Em sua redação trabalharam os jornalista Mauro Santayana, Fernando Gabeira, Júnia Marise, Hélio Costa, Shymphrônio Veiga, Rodrigo Mineiro e tantos outros. Sua saga não pararia por ai. O DM esteve nas mãos do empresário montesclarense, Paulo Nassif, que o vendeu ao ex-governador Newton Cardoso.
Em seguida, após adequações e admissão de novos jornalistas, o DM foi comandado pelo seu diretor presidente, Ibrahim Abi-Ackel, ex ministro da Justiça do presidente da Republica, general João Batista de Figueiredo.
Por fim, o então governador, Newton Cardoso o transferiu para seu amigo e mentor político, Jorge Carone Filho, ex-prefeito de Belo Horizonte, quando tinha à sua frente, como editor geral, Marcos Aurélio Carone, que após um embate judicial com o então governador Eduardo Azeredo na justiça eleitoral, teve suas edições suspensas por força de uma liminar não derrubada pela direção do DM. (editado)
Os tempos mudaram e, com ele, momentaneamente, o sonho de sua retomada, sintonizado e afinado com os anseios da sociedade opinativa, participativa e soberana, de forma “antenada e interativa” com as redes sociais, continuou a luta por um Brasil mais justo, igualitário e fraterno, que se preocupa diuturnamente com o bem-estar de seu povo, através de seu novo proprietário, o empresário, Soelson Barbosa Araújo e a Editora Edimig – Editora Minas Gerais.
Pesquisa e texto: Soelson Araujo.
Fonte: Hemeroteca Mineira, Arquivo Público de Minas Gerais e Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais