Destarte, o árbitro de campo se tornou o “Súdito do VAR” com receio de ser penalizado com chicotadas digitais e deixando de lado sua personalidade, fundamentos e conhecimentos
Ricardo Baeta*
A estreia do VAR (árbitro assistente de vídeo) ocorreu em agosto de 2016, na United Soccer League, em um jogo entre duas equipes de reserva da Major League Soccer. No entanto, em 2018, a tecnologia foi utilizada em uma competição oficial da FIFA na primeira rodada da Copa do Mundo da Rússia, em 2018, no confronto entre França X Austrália, vencido pela França por 2×1 e já com a utilização do árbitro de vídeo.
A ideia era apenas facilitar a vida do árbitro de campo para sua tomada de decisões em caso de dúvidas em lances capitais, ressaltando que a decisão final compete ao próprio árbitro de campo que deve impor sua autonomia e, principalmente, o seu critério daquilo de que está convicto. A revisão, também, deve ser rápida, objetiva. Conclusão, o VAR é uma ferramenta de apoio e não o “Patrão” dos árbitros e infelizmente é o que estamos presenciando principalmente aqui no Brasil. Conforme o “Manual para Árbitros Assistentes Vídeo”, a filosofia é “Mínima Interferência – Máximo Benefício”, ou seja, é o lema a ser seguido. No entanto, não é o que vem acontecendo.
Apesar dos árbitros não serem profissionalizados, tendo cada um a sua profissão, foram disponibilizados cursos e treinamentos para uso da ferramenta, conforme estabelece a sua filosofia. Mas, em se deparando com um lance capital, o que era para ser objetivo, rápido, transparente, torna-se algo confuso, lento e obscuro. Neste cenário, o árbitro não analisa o lance, apenas obedece ao seu “Superior” e leva suas ordens para dentro de campo.
Destarte, o árbitro de campo se tornou o “Súdito do VAR” com receio de ser penalizado com chicotadas digitais e deixando de lado sua personalidade, fundamentos e conhecimentos adquiridos durante anos de carreira em troca das decisões de seu “Soberano”.
Afinal, quem perde com tudo isso é o futebol, esporte mais fascinante do Planeta Terra que envolve além da mídia, clubes e jogadores, milhões de torcedores apaixonados que, em um primeiro momento, ficaram empolgados com a nova tecnologia digital; mas, atualmente, decepcionados por sua austeridade junto aos seus escravos dentro de campo.
*Ricardo Baeta é contador e apaixonado por futebol