Educadora e alunos se interagem focados na aprendizagem - créditos:| divulgação
19-11-2025 às 12h42
Daniela Rodrigues Machado Vilela*
O verdadeiro processo de vida transformador é o que se ganha junto com os demais e não destes. Uma educação transformadora pressupõe que todos são partícipes do processo, de modo que o professor conduz as aulas, intervém e direciona. Como educador, realiza a leitura do mundo com racionalidade e criatividade, estimulando o interesse pela leitura, pois é pelo olhar do outro que se aperfeiçoa o próprio.
Educadores e educandos devem cuidar da palavra. A prática pedagógica envolve liberdade, mas tem limites. Ademais, a verdadeira liberdade é do espírito. A educação deve pressupor responsabilidades compartilhadas. O homem não deve desistir dos próprios sonhos, mas é preciso modular o olhar, ter fé, dedicação, calma e passo constante, pois vai tempo para se colher coisas significativas.
Uma educação transformadora envolve processos formativos diferenciados, há necessidades éticas em questão e é um pilar fundante a luta por um horizonte de utopia em que se reduza efetivamente a injustiça e a desigualdade social. O mundo de cada um envolve sonhos, desejos, contornos e perspectivas que lhe são peculiares.
Um dos grandes desafios do processo de ensino e aprendizagem é tornar a comunicação eficaz, compreensível. Para isto, é preciso ao ser humano ordenar o caos interno e o externo.
A formação do sujeito deve ser humanística, política e social. É fulcral que o processo educacional permita ler para além da palavra, o mundo e a realidade a este circundante. Também é elemento vital, valorizar as histórias, seus aspectos culturais e humanos, assim como, promover ações substanciais que aproximem a teoria da prática. Conhecimentos meramente ornamentais devem ser a exceção.
Sempre é tempo de aprender a ter uma abertura generosa ao outro, sua fala e silêncio, encantos e desencantos, dilemas e dores, sonhos e alegrias.
Os centros de ensino são locais de aprendizado que envolvem método científico e rigor na pesquisa. Porém, é essencial valorizar o percurso de aprendizagem do sujeito, pois aprender se torna mais satisfatório quando envolve compromisso, dedicação e disposição. A força do querer aprender faz total diferença.
A potencialidade de uma vida feliz envolve aprender a ter prazer com as coisas do espírito e não apenas os estímulos do corpo. A vida tem mais sentido quando se modula o olhar para perceber o cotidiano e as possibilidades e potencialidades do trivial. Limites não ditos ou estabelecidos, adoecem.
Lidar com o outro requer um reinventar-se constante. Todos têm sua peculiar lente para enxergar o mundo, portanto, é fator de soma se implicar nas situações, optar pelo que se pode e consegue lidar. Escolher os preços a pagar, o campo de experiência possível, afinal escolhas e consequências fazem parte da trajetória humana.
Enfim, a realidade tem camadas que a idealização não tem. Quem detém a narrativa da própria vida é apenas o sujeito, então, estabeleça metas possíveis de realização, já que sabedoria é ver além do aparente e ter visão do todo, ao se afastar o excesso de sombras.
O homem alcança o tamanho da própria entrega e generosidade. O que desconhece o indivíduo de si é muito maior que o cognoscível. Desta feita, conhecer o próprio eu é o maior e mais difícil gesto de inteligência.
Estar aberto para aprendizados e diminuir as expectativas é gesto de um sujeito sábio. A vida é projeto incompleto, provisório e diletante. Tudo é imperfeito, carrega o sujeito em si, passado e futuro. Neste sentido, faz-se imperioso separar a aparência da essência, aceitar o fluir da vida e ter tranquilidade são elementos fundantes. Vida é díade, movimento pendular, dialético, repleta de contradições, sombra e luz. Ganhar e perder são vértices do jogo.
Não deixe de lado os próprios acúmulos de aprendizados. Aprenda a ler mais que livros, as experiências próprias e alheias. Observe erros e acertos, igualmente. Aprenda continuamente, use menos máscaras, seja mais inteiro e tente de verdade sair da vida melhor que entrou. Não há receita, tenha senso de praticidade e busque um estado de espírito leve com brandura, serenidade, esperança e fé.
Siga! No fim, o legado de anos que cada um constrói é a soma entre o que se propôs e o que aconteceu. Além da vontade, persistência e dedicação há os jogos do acaso. Afinal, como diz a música: “somos quem podemos ser”.
Avalie as forças que estão em jogo, se forje intelectualmente, coloque coisas de si no mundo, a vida só se transforma pelas mãos de quem constrói seu próprio legado. Dê oportunidade aos outros de se reinventarem. Nada é perene. Todos podem construir, reconstruir e esculpir a mais aperfeiçoada versão de si. Tudo é passageiro, inclusive a vida humana. Em síntese, não vá perder o trem da história, aprenda continuamente e não se julgue portador de uma razão e verdade suprema. Hasta la vista, companheiro!
* Doutora, Mestra e Especialista em Direito pela UFMG. Cursou Pós-doc. pela mesma instituição, com financiamento público FAPEMIG (2 anos). Professora Convidada no PPGD-UFMG. É diletante na arte da vida e da pintura.

