Créditos: Paulo Lacerda
18-11-2025 às 10h55
Sérgio Moreira*
O cantor, compositor, instrumentista, ator e diretor musical mineiro Sérgio Pererê já se apresentou duas vezes ao lado da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. O multiartista sobe novamente ao palco com o grupo, desta vez no concerto “Sobre Tons: ‘Sinfônica Pop’”, que acontece no dia 19 de novembro , às 20h, no Cine Theatro Brasil, Centro de Belo Horizonte. Sob regência inédita do maestro convidado Joel Barbosa, a apresentação inclui canções consagradas da Música Popular Brasileira, em arranjos de Marcelo Ramos, Mauro Rodrigues, Fred Natalino e João Viana. Entre as obras interpretadas estão “Encontros e Despedidas”, “San Vicente”, “Mama África”, “Brilho de Beleza”, “Alguém me Avisou”, além de “Que Fale de Chuva”, “Oração do Perdão” e “Cachimbo de Meu Pai”, compostas por Pererê. O concerto é realizado em parceria com o Ministério Público de Minas Gerais, no âmbito do programa antirracista “Sobre Tons”. A entrada é gratuita.
Nesta edição, o “Sinfônica Pop” promove o encontro entre a sonoridade da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e o universo criativo de Sérgio Pererê, artista essencial da cena musical mineira, cuja obra reflete a força e a riqueza das matrizes afro-brasileiras. Mineiro de Belo Horizonte, Pererê já tem mais de 30 anos de carreira. Fortemente influenciado pelas raízes africanas, transita por variados estilos sem perder sua identidade marcante. O multiartista já gravou mais de 15 álbuns e levou sua arte a países como Áustria, Suíça, México, Itália, Nova Zelândia, China, Argentina, Moçambique, Espanha, Estados Unidos, Canadá, Portugal e Angola. Sua música é marcada pela pluralidade e pela profundidade poética, refletindo o espírito criativo e a diversidade cultural de Minas Gerais. Joel Barbosa, por sua vez, é um músico com sólida formação acadêmica e extensa experiência prática, atuando como arranjador, regente e professor. Nascido no Rio de Janeiro e com carreira construída no Distrito Federal, ao longo de sua trajetória o regente se destacou principalmente na Escola de Música de Brasília, na comunidade musical brasiliense e em sua relação com músicos e orquestras em Cuba, sendo reconhecido por sua dedicação ao ensino, à criação musical e à pesquisa.
O concerto “Sobre Tons: ‘Sinfônica Pop’” é realizado pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais, Ministério Público de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais e Fundação Clóvis Salgado. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm a Cemig como mantenedora, Patrocínio Master do Instituto Cultural Vale e Grupo FrediZak, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal, Patrocínio da Vivo e correalização da APPA – Cultura & Patrimônio. O Palácio das Artes integra o Circuito Liberdade, que reúne mais de 50 equipamentos e empreendimentos criativos com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. A ação é viabilizada pelo “Sobre Tons”, programa antirracista do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Fundo Especial do Ministério Público de Minas Gerais – FUNEMP, e pela Lei Federal de Incentivo à Cultura. Vale-Cultura. Governo do Brasil, do lado do povo brasileiro.
Palco de estreia e consagração – Sérgio Pererê esteve ao lado da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais pela primeira vez na ópera “Fogueira do Divino”, produção da Fundação Clóvis Salgado apresentada em 2000, em comemoração aos 30 anos da instituição. Criada por Fernando Brant e Tavinho Moura, e com direção de Márcio Borges, a ópera contou com participação do grupo Tambolelê, do qual Sérgio Pererê era um dos integrantes. A parceria com a OSMG se repetiria em 2012, em um concerto com Marcus Viana, a banda Sagrado Coração da Terra e uma participação especial da cantora Paula Fernandes, em comemoração aos 60 anos da Cemig. “Sempre é uma honra poder cantar com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, mas, dessa vez acho que a importância é maior porque sinto que estamos em um processo de ressignificação dos conceitos de ‘popular’ e ‘erudito’, fazendo com que as potências da música brasileira se encontrem. É um símbolo importante esse encontro acontecer na semana da consciência negra, mas espero que esse tipo de encontro aconteça em vários momentos do ano e que a presença negra nas orquestras se torne algo comum no Brasil”, ressalta o artista.
O maestro Joel Barbosa, por outro lado, nunca trabalhou com a OSMG, mas demonstra animação diante da estreia. “Essa é minha primeira vez com a Sinfônica de Minas Gerais, em um concerto que traz significados múltiplos: nossa atração principal é o multiartista preto Sérgio Pererê, que apresentará obras de sua autoria e do maravilhoso músico preto Milton Nascimento, sob minha direção, um maestro também preto. Para mim, essa estreia, num momento que envolve tudo isso e mais o Dia da Consciência Negra, é um presente.
O público pode esperar um belo concerto. Um belo trabalho do Sérgio Pererê, artista mineiro completo que tem representado a música brasileira tanto em Minas Gerais, quanto no Brasil e em outros lugares. Que todos possam ser alcançados e tornarem-se parte desse evento artístico. O público de um concerto também é artista, pois ele fecha o ciclo que dá à obra musical a sua completude”, enaltece o regente.
Tanto Sérgio Pererê quanto Joel Barbosa concordam que a mistura entre as sonoridades clássicas e populares enriquece a experiência não só dos artistas, mas também dos espectadores. “Nós somos músicos, mas antes, somos brasileiros. Por isso, a música brasileira – que é conformada não somente pela música europeia, mas fortemente estruturada na polirritmia (vinda dos povos originários e de matrizes africanas) – faz com que todos nós não nos sintamos estranhos ou estranhados nessa relação com a MPB e com as obras de viés afro-brasileiro. Nosso país é continental. Nossa cultura regional nos dá a sensação de pluralidade. Mas há um elemento comum que nos une a todos: nosso idioma, e com ele, a música do nosso povo. Enquanto estamos envolvidos em fazer música erudita, nossos ouvidos estão abertos à nossa música. Precisamos disso. E exatamente aí está o ‘facilitador’ do trânsito entre o erudito e o popular”, aponta o maestro. Pererê completa: “O repertório está lindo e os arranjos foram feitos com muito carinho por grandes arranjadores. No fim das contas conseguimos fazer uma bela mistura que traz no primeiro bloco o grande Milton Nascimento, no segundo as minhas canções e no terceiro Chico César, Maurício Tizumba e Dona Ivone Lara. As pessoas podem ir preparadas para um verdadeiro ritual de cura musical, e podem chegar com as vozes aquecidas, porque vai ter momento de cantar junto”, promete Pererê.
PROGRAMA
Suíte Minas Gerais – Marcelo Ramos
San Vicente – Milton Nascimento e Fernando Brant – Arranjo: Mauro Rodrigues
Encontros e Despedidas – Milton Nascimento e Fernando Brant – Arranjo: Marcelo Ramos
Canções e momentos – Milton Nascimento e Fernando Brant (solo Pererê)
Louva Deus – Milton Nascimento e Fernando Brant (solo Pererê)
Estrela natal – Sérgio Pererê – Arranjo: João Viana
Oração do Perdão – Sérgio Pererê – Arranjo: Fred Natalino
Que Fale de Chuva – Sérgio Pererê – Arranjo: Marcelo Ramos
Refazendo a costura – Sérgio Pererê – Arranjo: Fred Natalino
Cachimbo de Meu Pai – Sérgio Pererê – Arranjo: Marcelo Ramos
Mama África / Brilho de Beleza/ Para Não Dizer Que Não Falei das Flores – Chico César / Negro Tenga / Geraldo Vandré – Arranjo: Fred Natalino
Alguém me Avisou – Dona Ivone Lara – Arranjo: Fred Natalino
A criação – Maurício Tizumba – Arranjo: Fred Natalino
FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Palácio da Liberdade, espaços geridos pela FCS. A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado é responsável, ainda, pela gestão do Circuito Liberdade, do qual fazem parte o Palácio das Artes, Palácio da Liberdade e a CâmeraSete. Em 2021, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todas as pessoas.
MINISTÉRIO PÚBLICO DE MINAS GERAIS – O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) é uma instituição responsável pela defesa dos direitos dos cidadãos e dos interesses da sociedade. Sua função é zelar pela correta aplicação da lei, pela ordem jurídica e pela democracia. Cabe a ele lutar contra as desigualdades, garantindo uma vida digna a todos os cidadãos. Com o objetivo de combater o racismo, o MPMG lançou, em 2023, o programa antirracista “Sobre Tons”, por meio da Coordenadoria de Combate ao Racismo e Todas as Outras Formas de Discriminação (Ccrad) e da Assessoria de Comunicação Integrada (Asscom). No ano de seu lançamento, o programa teve como ação principal o letramento racial de seu público interno, com a divulgação periódica de conteúdo informativo. A partir de 2024, expandiu seu trabalho para toda a sociedade, por meio de parcerias, com sessões de cinema comentadas, veiculação de vídeos em estádios de futebol e nas redes sociais, criação de um podcast, promoção de atividades culturais, entre outras ações. Em dezembro de 2024, deu origem, juntamente à Educafro Minas e à Fundação Escola Superior do Ministério Público de Minas Gerais, ao Projeto Tenório, que concede bolsas integrais para pessoas negras em curso preparatório para ingresso na carreira de promotor de Justiça. Neste ano de 2025, em parceria com a Fundação Clóvis Salgado, o programa multiplicou suas ações culturais, fortalecendo o compromisso com a escuta e a valorização das vozes negras.
Grande Theatro Unimed-BH – Cine Theatro Brasil
(Avenida Amazonas, 315 – Centro, Belo Horizonte)
Classificação indicativa: 10 anos
Entrada gratuita
*Coluna Minas Turismo Gerais
Jornalista Sérgio Moreira
@sergiomoreira63
informações para: sergio51moreira@bol.com.br

