O problema de BH é político, de exercício da má política. Aquela de deixar as coisas irem se deteriorando, até chegar ao ponto em que se encontra. Cabe ao próximo prefeito a tarefa de preparar a capital para o ano 2030.
Bento Batista*
Há 52 anos, quando pisei o solo de Belo Horizonte para ficar definitivamente, a capital era de fato charmosa. Possuía realmente o cheiro característico e o “modus vivendi” da capital mineira era bem outro, mais saudável e com uma boa dose de romantismo.
Amei. E ainda amo BH. Entre os edifícios e as ruas da cidade há uma história de vida que se iniciou na década de 1970 e se encerrou em 2014. Encerrou-se não porque tivesse desgostado de BH. Não. Nunca. Encerrou-se porque a idolatrada “Cidade Jardim” não existe mais.
Os ares de BH estão envenenados. A constatação é da Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo pesquisas da OMS “os ares das grandes cidades estão envenenados”.
BH perdeu o encanto. Mostra-se inviável, nos dias atuais. Para resgatar, se ainda existe meio de resgate do charme da cidade, uma maneira seria humanizá-la. Mas pouco adiantará todo esforço se não houver a garantia de segurança pública. A cidade já não comporta mais do mesmo.
Alguém – e esse alguém é o próximo prefeito – precisa resgatar o título de “terceira maior capital do Brasil”.
O problema de BH é político, de exercício da má política. Aquela de deixar as coisas irem se deteriorando, até chegar ao ponto em que se encontra. Cabe ao próximo prefeito a tarefa de preparar a capital para o ano 2030, por exemplo.
O mais importante nesses tempos poluídos e de mudanças climáticas, é viver em ambiente de boa qualidade de vida e com segurança pública. De que adianta matar-se de trabalhar numa cidade onde constante é o risco de morrer mais rápido a cada instante?
Belo Horizonte precisa ser redescoberta. Seria interessante se a capital fosse transformada em um lugar assim, onde se pudesse ouvir o silêncio e a poesia brotasse como as ervas que alimentam os insetos. Onde a alegria de viver fosse palpável e reconhecida como a beleza contemplativa da linha do horizonte próximo ou longe.
As cores das flores tornam o ambiente mágico e dão asas à imaginação. Nelas acercam-se um universo de insetos e de beija-flores, e se pode ver a vida como ela realmente é. Os humanos não foram feitos para viverem em meio à poluição desenfreada, muito menos na falta de sossego e em insegurança.
Sem a alegria de viver o viver torna-se insuportável. Muros de lamúrias brotam como erva má e fazem perder o viajante no mar sideral. As cidades deveriam ser construídas tendo em vista o bem-estar dos cidadãos. Baseado na premissa da qualidade de vida e acessibilidade.
Com a volta a BH o que de fato sinto é o fechar de um ciclo e o início de outro com as bênçãos dos céus. A ida é só mesmo para, como se diz, “buscar fogo”. Porque as sementes estão lançadas em Grão Mogol e um mundo novo certamente virá e se enraizará na “Rua dos Sonhos”, a mais bonita rua da “Cidade Diamante”