Segurança pública ou extermínio? - créditos: Agência Brasil
16-11-2025 às 09h00
Anna Marchesini*
É com profunda tristeza e indignação que observo a repercussão dos últimos acontecimentos no Rio de Janeiro. A conclusão a que chego é que somos, infelizmente, massa de manobra para os interesses políticos e ideológicos de alguns.
Não se luta por vidas; luta-se apenas por ideais políticos, hoje rotulados como esquerda ou direita. Que divisão… que tristeza profunda! É como se a vida de nossos jovens, especialmente os das comunidades mais pobres, não tivesse valor.
Será que alguns desses artistas que hoje defendem a “maioria morta” têm noção de que também contribuíram para essa situação? Seu cigarrinho recreativo — aquele que “não faz mal a ninguém” — só faz mal lá nas comunidades, onde as mães pobres lutam para que seus filhos não entrem para essa vida bandida.
A única certeza é que, logo, mais uma mãe chorará pelo menino que tanto amou. Será que vocês sabem que muitos de vocês contribuem para isso? E que tanto um lado quanto o outro acabam servindo de massa de manobra para gente que sequer parece gente?
Os verdadeiros culpados são esses políticos, essa corrupção que corrói nosso país — não é de hoje, é de sempre. E são eles que ainda têm a coragem de acalentar essas mães com um trocado. Pois, Zé… Zé… para onde iremos? Como iremos?
Em vez de dividir comunidades e polícias, deveríamos formar uma corrente de ideias para combater os verdadeiros assassinos: os políticos corruptos de nosso país. É hora de acordar e lutar por algo que realmente importa: a vida de nossos jovens, a justiça e a igualdade.
Não somos massa de manobra. Somos seres humanos!
Um Chamado à Reflexão e ao Amor
Antes de abrir meu coração, hesitei, sabendo que as palavras podem tocar almas e mudar destinos. Mas resolvi arriscar, na esperança de que minha voz ecoe em quem lê.
O Brasil é um mosaico de culturas, um caleidoscópio de cores e sons. Cada canto do país é uma melodia própria que se mistura ao amor — um amor múltiplo, diverso, plural. Cada pessoa expressa seus afetos à sua maneira, com sua cultura, sua história e sua alma.
Quão sábio seria se nós, seres humanos falhos, tivéssemos a dignidade de reconhecer e respeitar essa diversidade; de entender que cada forma de amar, cada gesto e cada cultura refletem a complexidade e a beleza da vida.
A internet deveria ser um espaço de celebração dessa pluralidade — um lugar onde as diferenças se unem e se harmonizam; onde possamos amar sem julgar, ouvir mais do que falar e falar apenas do que sabemos. Onde o silêncio seja uma escolha consciente, um gesto de respeito e compaixão.
E é nesse silêncio que me encontro agora, em oração, elevando minhas condolências às famílias das vítimas do ocorrido no Rio de Janeiro. Meu luto é por todos que foram afetados — pelas vítimas e por aqueles que, de alguma forma, contribuíram para que essa tragédia acontecesse.
Neste momento de dor, eu me calo. Meu silêncio é um tributo à memória das vítimas, um pedido de paz para as famílias e um chamado à reflexão para todos nós. Meu luto, meu silêncio, meus sentimentos são para todos nós, brasileiros. Que possamos encontrar força na nossa diversidade e na nossa capacidade de amar e perdoar.
*Anna Marchesini é presidente do Instituto Elo de Solidariedade

