COP30 segue em 3ºdia com segurança reforçada - créditos: Nazaré Sarmento e Reginaldo Ramos

14-11-2025 às 09h43
Roberto Barbosa* – Direto de Belém(PA) para Redação do Diário de Minas
Após um episódio de tensão na noite desta terça-feira (11), quando manifestantes – entre eles grupos indígenas – forçaram a entrada na Zona Azul, área sob jurisdição da Organização das Nações Unidas, a Conferência do Clima (COP30) retomou suas atividades com normalidade nesta terça-feira (12), em Belém. O reforço na segurança garantiu tranquilidade e permitiu um grande fluxo de visitantes nos pavilhões e espaços de debate.

Do lado de fora, indígenas seguem utilizando a área externa da entrada principal para expor e comercializar artesanato, alimentos e outros produtos regionais, promovendo a cultura e a economia local.

Entre os destaques do terceiro dia do evento, esteve o lançamento do Pavilhão de Cidades e Regiões, voltado à ação climática em múltiplos níveis e à urbanização sustentável. Durante o anúncio, o governo federal apresentou o edital de concessão da Floresta Nacional de Bom Futuro, em Rondônia — a primeira concessão florestal federal com foco na restauração de áreas degradadas. Os concessionários poderão comercializar créditos de carbono e produtos de silvicultura de espécies nativas, marcando um novo modelo de economia florestal.
Outro momento importante foi a apresentação de um projeto inédito de restauração florestal na Amazônia, resultado de uma parceria público-privada (PPP) entre o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o governo brasileiro. Com investimento inicial de US$ 15 milhões, o projeto será implementado em Altamira (PA), na Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu — uma das mais afetadas pelo desmatamento ilegal. O anúncio contou com a presença do governador do Pará, Helder Barbalho, da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
Em entrevista, Mercadante destacou o papel estratégico da restauração florestal na captura de carbono, proteção da biodiversidade e recuperação de solos. Segundo ele, o Fundo Amazônia já financiou 14 projetos de reflorestamento e manejo de espécies nativas, totalizando R$ 1,9 bilhão em crédito e mobilizando R$ 5,7 bilhões em investimentos privados. O presidente do BNDES também lembrou que o banco investiu R$ 1,5 bilhão em obras de saneamento em Belém, em preparação para sediar a COP30.
A ministra Simone Tebet reforçou a importância do compromisso do BID em garantir US$ 1 bilhão para a restauração florestal amazônica, destacando que o aporte “melhora o acesso ao crédito e estimula a participação do setor privado em projetos sustentáveis”.

No campo industrial, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) anunciou uma parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para o lançamento do Programa Prioritário de Interesse Nacional em Bioinformática (PPI BioinfoBR). A iniciativa busca fortalecer a bioeconomia e fomentar a inovação sustentável em todo o país. O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), Alex Carvalho, representou a CNI e destacou o papel do projeto na descentralização dos polos de pesquisa, hoje concentrados nas regiões Sul e Sudeste.
A ministra Luciana Santos (MCTI) ressaltou que “ciência e tecnologia são fundamentais para enfrentar as mudanças climáticas” e que a transição energética brasileira deve ocorrer sem desmatamento na Amazônia.
Programação desta quinta-feira (13): saúde, cultura e negociações climáticas
O quarto dia da COP30 será marcado por agendas intensas e diversificadas:
• Dia da Saúde – O Brasil, com apoio de outros países, lançará um plano de ação global com estratégias para enfrentar os impactos das mudanças climáticas na saúde pública.
• Dia da Cultura – A ministra Margareth Menezes participa do evento “Cultura Viva, Floresta Viva”, que ocorre no Pavilhão Iberoamérica Viva (Green Zone), com debates sobre economia criativa e sociobiodiversidade.
• Negociações oficiais – A presidência da COP continua as discussões sobre metas de adaptação climática, consideradas uma das pautas mais sensíveis desta edição.
• Eventos estaduais – O governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, participa do painel “MS na Agrizone”, espaço da Embrapa dedicado ao agronegócio sustentável.
• Sociedade civil e ONGs – A Transparência Internacional promove debates sobre o Acordo de Escazú, crimes ambientais e corrupção na agenda climática.
• Atividades culturais – A programação artística continua com o Festival de Ópera no Theatro da Paz e apresentações gratuitas em espaços públicos.
• Debates paralelos – Nos pavilhões Brasil e Green Zone, painéis autogestionados discutem biodiversidade, saberes tradicionais e políticas estaduais de clima.
As atividades da COP30 seguem diariamente das 8h à meia-noite, com visitação gratuita em alguns espaços abertos ao público, como a Vila COP30 e o Parque Urbano Belém Porto Futuro I.
*Roberto Barbosa é Jornalista

