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10-11-2025 às 10h46
Roberto Barbosa direto de Belém (PA) para o Diário de Minas
Com a solenidade inaugural marcada para esta segunda-feira, 10, a capital do Pará torna-se o epicentro das negociações climáticas mundiais ao sediar a 30.ª edição da COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima). O evento se estenderá até o dia 21 de novembro, reunindo governos, sociedade civil, setor privado e movimentos sociais para debater os rumos da crise climática — e, em especial, a Amazônia como cenário e ator central desse debate.
O Brasil, na condição de país-anfitrião, assume nesta COP30 um protagonismo simbólico e prático: “Uma coisa é discutir a Amazônia no Egito; outra coisa é discutir a Amazônia dentro da Amazônia”, declarou o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Estima-se que mais de 50 mil participantes deverão circular pelo evento — incluindo delegações oficiais, negociadores, jornalistas e representantes da sociedade civil.
Para a cidade de Belém e o estado do Pará, o encontro representa uma oportunidade estratégica de visibilidade internacional — e também de mobilização de políticas, tecnologias e investimentos para o enfrentamento das mudanças climáticas. O foco vai desde a preservação de florestas até a transição energética e o financiamento climático.
O QUE JÁ ESTÁ ORGANIZADO
Na infraestrutura e logística, a preparação mobilizou órgãos federais, estaduais e municipais. A Secretaria Extraordinária da Presidência da República para a COP30 foi criada com a atribuição de coordenar as ações de articulação, mobilidade, segurança, saúde, hospedagem e outros aspectos da gigantesca operação em Belém.
A sede oficial e o portal do evento listam os principais espaços de operação: a “Zona Azul”, destinada às negociações formais entre países, chefes de Estado, delegações oficiais; e a “Zona Verde”, voltada para o diálogo mais aberto com sociedade civil, setor privado, academia e povos tradicionais.
Do ponto de vista cultural e de engajamento local, a programação inclui exposições, espaços de arte, debates públicos e atividades paralelas que buscam envolver a população de Belém e da região amazônica.
Programação inicial e delegações confirmadas
A abertura oficial marca o início das sessões plenas a partir de hoje, com a presença de dezenas de líderes mundiais em Belém. Na semana precedente, já ocorreu a Cúpula dos Chefes de Estado, nos dias 6 e 7 de novembro, com a tradicional “foto de família” das delegações.
Na agenda inicial, destacam-se:
• Sessão plenária de abertura com discurso do presidente Lula e representantes da United Nations.
• Instalação dos pavilhões nacionais na Zona Azul, bem como das iniciativas da sociedade civil na Zona Verde.
• Lançamento de plataformas de financiamento para conservação de florestas tropicais, com apoio de diversos países e do setor privado.
• Exposições culturais de boas-vindas, mostrando a Amazônia, os povos tradicionais, a biodiversidade e os desafios ambientais da região.
• Quanto às delegações, estão presentes mais de 140 países — de um total de 198 signatários da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima —, conforme estimativas oficiais.
Como se desenvolverá o evento nos próximos 11 dias
Até o encerramento, no dia 21 de novembro, a COP30 seguirá um ritmo intenso dividido em três fases principais:
1. Negociações de alto nível e sessões plenárias — nos primeiros dias, definindo mandatos, declarações políticas e o tom geral das negociações.
2. Trabalho técnico e grupos de contato — ao longo da semana, delegações se reunirão em mesas de discussão por temas (financiamento climático, adaptação, florestas, transição energética, justiça climática, povos indígenas).
3. Eventos paralelos, sociedade civil e feiras de inovação — simultaneamente, haverá exposições, fóruns de jovens, encontros de povos tradicionais, lançamentos de tecnologias verdes, e o chamado “Agenda de Ação” que integra setor privado, subnacional e comunidade.
Para a região amazônica, espera-se que a COP30 impulsione resultados concretos como: pactos de proteção florestal, maior protagonismo dos povos indígenas e tradicionais na governança climática, mobilização de recursos financeiros para conservação, além de oportunidades de investimento em economia de baixo carbono local. O Brasil propôs, por exemplo, a criação de um fundo de florestas tropicais no valor estimado em dezenas de bilhões de dólares.
Considerações finais
Hoje, ao levantar oficialmente a bandeira da COP30, Belém recebe não apenas um evento diplomático internacional, mas a materialização de uma agenda que combina preservação ambiental, equidade social e desenvolvimento sustentável — tudo isso no coração da Amazônia. Resta agora à conferência traduzir expectativas em compromissos concretos e a cidade sede cumprir o papel de palco e catalisador desta emergência planetária.
Para o portal do jornal A PROVÍNCIA DO PARÁ, esta semana marca o momento chave de cobertura: da abertura até o desfecho, com foco especial em como Belém e o Pará serão atores ativos — e não apenas cenário — em um debate global que impacta diretamente a região amazônica.*ROBERTO BARBOSA – jornalista

