Ministério da Saúde apontou que até agosto de 2025 foram 99.403 casos de Milhares de casos de hospitalização por SRAG - créditos: divulgação
09-11-2025 às 12h12
Direto da Redação
O boletim InfoGripe divulgado em setembro de 2025 registrou alta nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em 10 estados, com maior concentração nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste.
Além disso, nas semanas epidemiológicas observadas e avaliadas, a positividade entre os casos de SRAG foi de 48,9% para rinovírus, 20,8% para VSR (Vírus Sincicial Respiratório), 15,5% para SARS-CoV-2, 8,3% para influenza A e 1,8% para influenza B. A região Sul foi a única sem tendência de crescimento no período.
Atualizações posteriores mantiveram o sinal de predominância do rinovírus entre os casos de SRAG e evidenciaram o peso da Covid-19 nos óbitos recentes, reforçando a necessidade de vigilância e vacinação.
O que o aumento significa na prática para a população?
O dado evidencia que praticamente 1 em cada 2 casos positivos de SRAG está associado ao rinovírus. Isso muda a percepção sobre “resfriado comum”. O rinovírus segue, em geral, causando quadros leves, mas o patamar de circulação viral amplia o número absoluto de casos e, por consequência, de hospitalizações, particularmente em crianças, idosos e pessoas com comorbidades.
Por isso, a recomendação de uso de máscaras em locais fechados e isolamento domiciliar de sintomáticos, especialmente em idade escolar, volta a ganhar relevância.
Quais os impactos nos sistemas de saúde: internações, ocupação e alerta assistencial
Os serviços de pronto atendimento, pediatria e geriatria sentem maior pressão quando iniciam os ciclos de SRAG por rinovírus e Covid-19.
O Informe do Ministério da Saúde apontou que até agosto de 2025 foram 99.403 casos de hospitalização por SRAG, com predomínio recente de rinovírus entre positivos e registro de Covid-19 como causa de quase metade dos óbitos por vírus respiratórios. Sendo assim, esses recortes ajudam a planejar leitos, fluxos e triagem.
Fora do inverno: por que o surto ocorre na primavera?
A circulação de rinovírus tem padrão menos sazonal do que a influenza. Após o relaxamento de medidas de proteção, há maior exposição em escolas e ambientes fechados, mantendo a transmissão elevada mesmo fora do pico clássico do inverno.
O InfoGripe vem documentando, desde 2023/2024, ondas de rinovírus na transição para a primavera, particularmente em capitais com alta densidade escolar e grande mobilidade urbana.
Por que um “resfriado comum” está gerando tantos casos graves de SRAG?
O rinovírus, geralmente leve, pode desencadear bronquiolite, asma mais aguda e infecção de vias aéreas inferiores em crianças pequenas, além de descompensar doenças respiratórias e cardíacas em idosos.
Em um cenário de alta circulação viral e coinfecções, o número de casos graves cresce. Por isso, a Fiocruz ressalta que, embora influenza A e VSR (Vírus Sincicial Respiratório) tenham recuado na maior parte do país em setembro de 2025, o rinovírus permanece liderando entre positivos e a Covid-19 sustenta internações e óbitos entre idosos.
Diferença de sintomas: rinovírus vs gripe (influenza) vs Covid-19
Na prática clínica, intensidade e velocidade de aparição dos sintomas ajudam a diferenciar:
- gripe costuma começar de forma abrupta e mais intensa;
- rinovírus é mais leve;
- covid-19 permanece com sintomas variáveis e pode ter duração prolongada.
Muitas pessoas também se perguntam quantos dias dura a gripe, em média, os sintomas persistem de 7 a 10 dias, podendo variar conforme a imunidade e a presença de outras infecções.
Em caso de dúvida, principalmente em grupos de risco, como crianças e idosos, testes rápidos e RT-PCR orientam conduta.
| Infecção | Agente | Duração média | Início | Sintomas mais comuns | Teste de confirmação |
| Resfriado por rinovírus | Rhinovirus | 3 a 5 dias | Gradual | Coriza, espirros, congestão leve, irritação de garganta | Diagnóstico clínico |
| Gripe (influenza A/B) | Vírus influenza | 7 a 10 dias | Súbito | Febre alta, dor no corpo, tosse seca, prostração | Antígeno/PCR para influenza |
| covid-19 (SARS-CoV-2) | Coronavírus | 10 a 14 dias | Variável | Febre, tosse seca, dor de cabeça, perda de olfato/paladar | Antígeno/RT-PCR |
Previna-se: medidas eficazes para reduzir o contágio no dia a dia
Passo a passo de prevenção diária:
- Vacinação atualizada contra influenza e, conforme indicação, reforços contra Covid-19, sobretudo para idosos e imunocomprometidos (como pessoas obesas e com câncer).
- Máscara de boa vedação em ambientes fechados durante surtos locais ou em serviços de saúde.
- Isolamento domiciliar de crianças e adolescentes com sintomas de resfriado ou gripe; se precisarem sair, use sempre máscara.
- Ventilação de ambientes.
- Higienização frequente das mãos e superfícies de alto toque, como mesas, maçanetas e corrimãos.
Tratamento dos sintomas: o papel de medicamentos sintomáticos, quando usar e quando buscar ajuda
Não há antiviral específico para rinovírus em uso na prática clínica. Dessa forma, o manejo é de suporte: hidratação, repouso, controle de febre e dor, além de descongestionantes e antitussígenos quando indicados.
Em crianças, a orientação pediátrica é fundamental para evitar doses inadequadas. Para influenza e Covid-19, há protocolos específicos de testagem e vacina conforme avaliação clínica e disponibilidade.
O uso responsável de medicamentos sintomáticos melhora o conforto, o repouso e aumenta a adesão ao tratamento.
Mapa do cenário: regiões mais afetadas e o que observar localmente
O boletim de 11 de setembro de 2025 apontou dez estados com alta de SRAG, com concentração nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste. A região Sul não apresentou tendência de crescimento no período.
Em recortes subsequentes, o InfoGripe manteve atenção a capitais com alerta por SRAG, evidenciando dinâmicas locais que mudam semana a semana. Sendo assim, famílias, escolas e gestores podem ficar informados e adotar as melhores práticas para evitar o aumento de casos de rinovírus.
Sinais de alerta: quando procurar atendimento e quais exames podem ser indicados
Abaixo, temos uma listagem de sintomas que devem ser considerados e que exigem avaliação imediata:
- falta de ar, respiração acelerada ou cianose de lábios e extremidades (lábios, mãos e pés azulados ou arroxeados).
- febre alta persistente por mais de 72 horas ou que reaparece após melhora.
- sonolência excessiva, confusão mental, dor no peito ou desidratação.
- em crianças: gemidos, batimento de asa de nariz (indica dificuldade em respirar), dificuldade para mamar ou beber líquidos.
- queda de saturação de oxigênio, quando houver aferição domiciliar.
Exames que podem ser indicados em serviços de saúde incluem oximetria (medir a oxigenação do sangue), radiografia de tórax quando há suspeita de acometimento pulmonar, hemograma e testes específicos para influenza e Covid-19.
Fonte: Fiocruz – Caio Higor <caio.higor@searchonedigital.com.br

