Charge de Lula e Trump stiriza o poder de fogo de cada um - créditos: Zé Altino
26-10-2025 às 08h26
José Altino Machado (*)
Uma cirurgia, para extração de uma vértebra, a segunda, que se estragou, trouxe avarias ao nervo da corda vocal esquerda, levou-me a uma fonoaudióloga. Médica no lugar certinho da vida e profissão, tanta simpatia exala além dos delicados sopros da voz.
Parece nada a ver, mas tem sim, pois foi por ela, ao me dizer que ganhara de presente um feriado nacional em véspera de seu aniversário. Como sou mesmo curioso já fui perguntando data dum e doutro. Consciência nacional no dia 20 de novembro e 21 o seu dia. Presentão…
Confesso que estranhei muito ter feriado a tal fim. Parar todo um país, além dos tantos que já se para, gerando um custo enorme. E a conta não é difícil de ser feita. Verificando o diário oficial diz que Lula sancionou o stop nacional. Ô raios, o homem quer ser reeleito de qualquer jeito, custe o que custar, pau no caixa.
Nada contra se reverenciar um negro ou negros em si. Nada a haver. Muitos de meus grandes amigos e companheiros eram negros. E desde tempos de escola tenho visto e acompanhado o sucesso de muitos deles. Leitura, então, muitas. Machado de Assis, um gênio escritor, embora o achasse meio chato. Na Australia, então haverão de fazer o dia da consciência amarela, tamanho o preconceito a eles.
Já o disse aqui nesta coluna – também grande e chata – que os deveres militares ao afastarem de casa nosso pai, duas irmãs e eu próprio éramos pajeados por um negro de quase dois metros de altura, um ser único que, tanto pai como mãe, confiavam. E ainda era doido da cabeça, uma vez por mês, numa semana inteira. Com dois de nós no colo ficava piradão. E isso numa fazenda em formação meio a mata fechada.
E choramos demais quando adoidado, um ônibus em louca velocidade o atropelou e matou. Na juventude para mim foi a primeira grande perda familiar.
E foi assim que desde novo aprendi como sentir e lidar com algo tão importante como as cores da humanidade e o maravilhoso dom da criação.
Indiscutivelmente, não só eu, mas todos nossos irmãos – somos onze – pudemos perceber e guardar na consciência que, em se tratando de sentimentos, convivências sociais e comportamentos, nada supera a criação materna ou o berço, como muitos dizem.
Não há nenhuma forma de preconceito ou mesmo qualquer outra vicissitude, que consiga brotar em campos de boas semeaduras paternas.
Portanto, acredito que melhor que um feriado, no qual a brasileirada, como de costume vai para o folguedo, sem nem saber “prumodiquê”, como dizem os mineiros, seria programas dirigidos a novas famílias que se forma na observância de tudo aquilo que a alma humana sem rumo permite criar.
Como novidade em dias de hoje, temos visto e assistido a teatralidade com que o cowboy loiro americano diz estar combatendo o narcotráfico. Pode até não ganhar a guerra final, mas mostra ser bom de mira demais. Os barcos naquela velocidade e bum, pedaços deles de cargas e gente para todo lado.
Tô com ele, mas me recordo de uma declaração de narco famoso, que ao ser inquerido o porquê de enviar tanta droga aos Estados Unidos respondeu com peculiar clareza “porque eles compram e pagam bem, o vício é deles, não meu”.
Tenho convicção que a justiça fez mais que bem em interceptar seu caminho criminoso, um problema resolvido por ela e pelo sistema policial, mas os governantes, em seu maior papel, deveriam mais ter prestado atenção à dedução e ao problema emanados nas declarações do criminoso.
Praticamente mostrou que sua atividade acompanhava uma doença que vai se alastrando, não só na América do Norte, mas por todo o mundo. Um mal contagiante da sociedade como um todo. Bem me lembro que a meu tempo o inimigo maior da juventude, sem maiores oportunidades de vida, era a cola de sapateiro.
E ela só caiu no esquecimento com a chegada da verde maconha, que até grandes problemas políticos trouxe ao mundo. Isso, o Mr. Trump deve saber. A conhecida história do Marijuana Act, cuja não liberação levou a renunciar o prefeito novaiorquino LaGuardia.
Na California, rico estado americano, o mais rico deles, começando a uso medicinal chegou a liberação de consumo para fins de piração (não sei se seria a palavra correta). Entretanto, meio toda aquela riqueza e deslumbre das artes cênicas, um visível desastre social se instalou, contagiando de elencos famosos a desenganados da vida e oportunidades. Sei não, me parece que até em número de moradores de rua vai superando os do governo brasileiro.
Canadá, país de cultura mediana alta e exemplo ordeiro, a não ser no mundo dos negócios internacionais, está se derretendo até culturalmente ante a presença dos verdes ramos, após sua liberação. Mostra mesmo ser outro país.
E não é que o bandido tinha razão?… mais sabido que muitos políticos.
Deixando de lado o presidente norte-americano e seus mortais foguetes que aqui, mal mal, só soltamos adoidados busca-pés, torna-se emergencial que nossos dirigentes não se deixem sucumbir às vaidades dos dourados salões mundo afora e com responsabilidade cuidem da educação e do bom equilíbrio da sociedade nacional.
A necessidade de muito apelo a justiça e principalmente a segurança pública, (polícia), mostra que ela está doente ou no mínimo altamente acometida por males de difíceis curas, uma vez instalados.
Está bastante comprovado, a qualquer ser minimamente inteligente, que seja lá qual for a tendência comportamental, seja de homens ou mulheres, elas são adquiridas no seio familiar. Será ela a debelar qualquer forma de preconceito, assim como também será dele a formação básica a bom caráter.
Por isso programas sociais, mensagens e a própria cultura, preliminarmente devem ser dirigidas às famílias que são a base de qualquer Estado que cuide dos seus cidadãos e não apenas de seus eleitores.
Porém, também fica claro que se a família faz germinar o bom caráter e comportamento, caberá ao banco da escola a condução para a melhor socialização.
O Brasil, hoje do Lula, pelo menos parece, tem que imediatamente tirar nossas crianças das ruas. E isto com urgência. Apesar de não despertarem interesse de governantes modernos por não votarem, serão elas com certeza que conduzirão o que hoje fazem de bom ou mal os adultos.
Também dirigentes, apenas amantes dos poderes e seus luxos por eles proporcionados, não percebem que nossas ruas têm se tornado verdadeiras usinas fabris de criminosos. Chegando a oferecer a juvenis menores proveitos maiores que o paterno, pondo fim ao necessário, durante a criação: poder pátrio.
Caberia sim à administração pública este programa, que inclusive já existiu neste país. Programas de atração da juventude. com desportos em olimpíadas municipais, estaduais, nacionais. Como também em muitos outros campos, valorizando artes, literaturas buscando muitos talentos submergidos nos interesses de populistas inapropriados a país como o nosso, tão carente na área do ensino educacional.
Principalmente, por não conseguir superar o erro grosseiro de centralização federal da área de educação, numa Nação de culturas tão díspares entre seus estados federados, onde mais se aprende imperfeições de um e de outro que suas qualidades.
Mr. Trump deveria deixar a seus órgãos de segurança e seu judiciário, indo mais cuidar sanar as causas determinantes, aos desvios da sociedade americana, que já mostra certa decadência, estando bem diferente daqueles que conquistaram e criaram Nação tão pungente e poderosa.
E por aqui o senhor Inácio Lula da Silva, abandonar um tanto aos “fieis” auxiliares, como sempre diz, a pautar suas escolhas e mais pautar qualidade na administração de uma Nação de gente muito mas muito diferente dele que fez emergir no hemisfério sul.
O preço da má informação, a maioria que vota, está muito alto àquele que trabalha e produz.
E tudo e por tudo, apenas uma questão de CONSCIÊNCIA.
BH/Macapá -26/10/2025
(*) José Altino Machado é jornalista

