
Kassabe, presidente nacional do PSD e Mateus Simões, vice-governador (NOVO) agora PSD - créditos: divulgação
20-10-202 às 15h12
Samuel Arruda*
O vice‑governador de Minas Gerais, Mateus Simões, filia‑se ao PSD de Kassab — a filiação está marcada para 27 de outubro, em evento com grande visibilidade em Belo Horizonte.
Até então filiado ao Partido Novo, Simões vinha articulando sua candidatura ao governo estadual em 2026, caso o atual governador, Romeu Zema (Novo), opte por disputar outro cargo.
Segundo o próprio Zema, a mudança “é extremamente benéfica porque significa que nós iremos à eleição estadual com mais força, com uma base maior”.
Na nova sigla, Simões ganhará vantagens relevantes como: mais tempo de TV e rádio, maior rede de prefeitos e deputados estaduais, além de estrutura para disputa de 2026.
O que está em jogo na filiação de Simões ao PSD mexe com diversos tabuleiros políticos:
O PSD já contava com nomes de expressão em Minas, como o senador Rodrigo Pacheco, filiado à legenda e cotado para disputar o governo ou outro cargo estadual. A chegada de Simões, com apoio de Zema, constrange a candidatura de Pacheco;
O acordo entre Kassab e Simões representa, para o PSD, uma articulação com o campo político de Zema, trazendo ao partido o “lado da sucessão” estadual, e ao mesmo tempo ampliando sua presença no estado.
Para Simões, a mudança representa um salto de estrutura partidária e visibilidade, permitindo-lhe disputar com maior competitividade e cadeia de apoios em 2026. Ele mesmo afirmou que decidiu “com convicção” para garantir a “continuidade do nosso projeto de transformação”.
Apesar dos benefícios, haverá resistências, riscos e incógnitas e o movimento não está livre de tensões:
A entrada de Simões no PSD provocou resistência interna. Alguns integrantes da sigla em Minas afirmam não terem sido previamente comunicados sobre o acordo entre Kassab e Simões;
A estratégia depende de Zema renunciar ou deixar o governo antes da eleição para poder disputar. Simões se prepararia para assumir em abril, conforme prazos legais, abrindo caminho à sua candidatura;
Há risco de divisão ou insatisfação no partido Novo, que perde um nome forte à sucessão; e também tensão no PSD quanto às alianças nacionais, pois o partido pode se posicionar tanto no campo de oposição ao atual governo federal como em aliança com ele, dependendo do estado. Em Minas, esta mudança pode implicar em reconfiguração de coligações.
A filiação de Simões ao PSD tem forte impacto no cenário mineiro e implicações para 2026:
Minas Gerais é o segundo maior colégio eleitoral do Brasil, o que torna a disputa estadual relevante também para chapas federais. A movimentação partidária no estado pode influenciar as estratégias nacionais;
A aliança entre Novo e PSD em Minas — viabilizada por essa filiação — aponta para continuidade da gestão Zema, com Simões como seu sucessor, fortalecendo a narrativa de “projeto de continuidade”;
Para o PSD nacional, o ingresso de Simões representa um reforço no estado, mas também exige acomodação de lideranças existentes (como Pacheco) e alinhamento de estratégias estaduais com as nacionais;
A oposição e outros partidos terão de recalibrar estratégias: com PSD tendo um nome competitivo apoiado pelo governador, haverá necessidade de buscar alternativas ou realinhar alianças.
O acordo entre Gilberto Kassab e Mateus Simões para filiação ao PSD de Minas é um movimento estratégico de alto impacto, com objetivos claros de estruturação partidária e projeção eleitoral para 2026. Ele reflete a lógica de sucessão estadual, de fortalecimento de base política e de “ampliação de palanque”. Contudo, carrega consigo riscos de descontentamento interno, de confronto com outras lideranças do partido e de custos para o partido de origem (Novo). Será decisivo observar como isso se desdobrará nas próximas semanas — tanto na formalização da filiação, quanto nas reações dos demais atores políticos e no mapa das alianças para 2026.