
Destruição da Gaza - créditos: divulgação
13-10-2025 às 14h24
Samuel Arruda*
Em meio a ruínas, dor e um cansaço moral que atravessa fronteiras, o cessar-fogo entre Israel e Gaza soa menos como um ponto final e mais como uma pausa exausta de uma tragédia que já durou demais. Não há vencedores em uma guerra marcada pelo luto de civis, pela destruição de bairros inteiros e por uma crise humanitária que fere a consciência da comunidade internacional.
O cessar-fogo, fruto de negociações tensas e frágeis, deve ser mais do que um intervalo estratégico. Ele precisa ser o primeiro passo de uma mudança real de postura — não apenas dos protagonistas diretos do conflito, mas de todos os governantes que, de alguma forma, legitimam ou perpetuam a lógica da violência como instrumento político.
A comunidade internacional, em especial as lideranças das nações em conflito, deve compreender que segurança duradoura não se conquista com bombas, mas com justiça. Nenhuma operação militar substitui a diplomacia, o diálogo e o respeito ao direito internacional. A paz exige mais coragem do que a guerra: a coragem de reconhecer erros, de ouvir o outro e de colocar a dignidade humana acima de interesses geopolíticos.
O cessar-fogo deve, portanto, servir de exemplo e alerta. Governos que hoje enfrentam disputas internas ou externas precisam enxergar no sofrimento dos civis em Gaza e em Israel o reflexo de suas próprias escolhas. O mundo já assistiu demais a cidades sendo transformadas em escombros e crianças crescendo sem conhecer a paz. O que mais precisa acontecer para que se entenda que não há solução viável fora do caminho diplomático?
Este jornal, comprometido com a defesa dos direitos humanos e da paz entre os povos, apela aos líderes das nações em conflito: não esperem que a destruição atinja o ponto de não retorno. Aprendam com o horror antes que ele os alcance. Que o cessar-fogo em Gaza não seja apenas o silêncio entre dois tiros, mas o início de uma nova responsabilidade ética global.
A história cobra dos líderes não apenas decisões eficazes, mas escolhas humanas. E a paz, mais do que um ideal, é uma escolha que pode — e deve — ser feita agora.
*Samuel Arruda é jornalista