
Créditos: Gruta do Janelão. Fotos: Samantha Viegas / @samfviegas
14-10-2025 às 10h06
Milena Lima*
Em 13 de julho de 2025, um dos lugares mais mágicos de Minas Gerais, senão do Brasil, foi finalmente reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Natural da Humanidade. Não poderia ser diferente. O Cânion do Peruaçu, no Parque Nacional das Cavernas do Peruaçu, é um destino turístico onde a força do tempo sobre as rochas, o fluxo imparável das águas e nossos ancestrais desde o Neolítico até 500 anos atrás, escreveram uma história esplendorosa!
Há mais de 500 milhões de anos, o norte mineiro era banhado por um “braço” de mar raso. A movimentação geológica transformou esse mar em lembrança. Quando a terra se ergueu, cortando essa conexão, a paisagem se transformou: rochas calcárias esculpidas pela água que ficou e tentou encontrar seu caminho. No fundo, esqueletos de espécies marinhas fossilizadas confirmam esse curioso passado. O que ficou, paredões imensos e cavernas profundas, foi ao longo das eras adornado pelos registros de povos pré-históricos e de tribos indígenas mais recentes como os Xakiabrá, que deram o nome ao lugar: “Peruaçu” significa “buraco grande”.
São mais de 180 cavernas e grutas, que brincam com o imaginário dos visitantes e lembram-nos de que somos pequenos, e recentes. Uma trivialidade na história. A magnitude e beleza de cada canto do parque transporta quem o visita para uma jornada que, na opinião desta turismóloga, deve ser experienciada ao menos uma vez na vida. É energia pura, a sensação da verdadeira grandeza, através da constatação da própria pequenez. O Peruaçu é um lugar arrepiante, que abala nossas estruturas de um jeito definitivamente positivo!
AONDE IR?
O parque dispõe de uma variedade de atrativos turísticos bastante vasta: são muitas cavernas, sítios arqueológicos, turismo de aventura e ecoturismo. Por se tratar de uma zona de transição entre cerrado e caatinga, a paisagem é um tanto diferenciada, com uma biodiversidade tão imensa quanto sua beleza, especialmente de aves. Populações de araras vermelhas, pica-paus e gralhas, dentre muitas outras espécies em risco de extinção são facilmente avistadas, tornando o Peruaçu um destino de interesse para os turistas de ornitologia (observação de aves em seu habitat natural).
O principal atrativo do Peruaçu é a Gruta do Janelão, uma trilha entre os cânions repleta de pinturas rupestres, que também abriga a “Perna da Bailarina” -a maior estalactite do mundo. A trilha possui dificuldade média, levando aproximadamente 5 horas e meia para realizar um percurso de 4km e 800m considerando ida e volta.

Gruta do Janelão. Foto: Samantha Viegas / @samfviegas
Os registros rupestres também podem ser vistas na Lapa do Índio, que possui até mesmo o teto coberto de pinturas. Ao fim dessa trilha encontra-se o Mirante do Índio.
Também vale a pena uma visita à Lapa Bonita, uma gruta onde os sedimentos das rochas criaram um cenário surreal, de paredes esbranquiçadas e um chão vermelho intenso. Além das Lapa dos desenhos, Lapa do Rezar e Lapa do Boquete, onde foram encontrados ossos humanos e um silo de alimentos pré-histórico.
Vasto demais para que todos os seus encantos sejam aqui listados, o Parque Nacional do Peruaçu merece ser visitado, e recomenda-se a hospedagem em alguma das muitas pousadas nas cidades que o circundam. Preferencialmente Januária, pela proximidade com a sede. São trilhas longas, e muita variedade de paisagens para que se possa aproveitar o melhor do peruaçu em um único dia. Sem contar com o fato de que não tirar um tempinho para apreciar a culinária do norte de Minas é praticamente uma blasfêmia! Cerca de dois a três dias de visitação são o suficiente para uma boa experiência.
QUANDO IR?
Dias de abertura: Terça a domingo (fechamento semanal às segundas para manutenção integral)
Portarias abertas: Das 8h às 18h (permanência permitida até este horário) O ideal é sempre chegar o mais cedo possível.
Limite temporal para ingressar nas atrações:
Cavernas, trilhas e sítios arqueológicos: Acesso permitido até as 14 horas.
Exceção: Arco do André: Último ingresso às 12h (devido à exigência física do percurso e protocolos de segurança).
Melhor período do ano: novembro a abril. A umidade é maior e a paisagem assume um verde vibrante, mas é importante atentar-se à previsão do tempo local antes de marcar a visita. Entre maio e outubro a floresta perde as folhas e fica esbranquiçada e bastante inflamável, como é característico do cerrado e da caatinga.
IMPORTANTE:
A sede do Parque fica na comunidade do Fabião I, às margens da BR 135, km 155.
A visita exige agendamento prévio através do Formulário de Agendamento de Visitas
Guia obrigatório: Condutores credenciados transformam pedras em narrativas épicas, além de te orientar para a sua segurança.
Leve: Repelente (área endêmica de leishmaniose), água, snacks como barrinhas energéticas ou proteicas, e respeito sagrado pelo patrimônio.
Vale lembrar que independentemente da estação escolhida para a visita, o Peruaçu é muito quente, atingindo facilmente os 40 graus, enquanto muitas de suas trilhas podem exigir bastante esforço físico, esteja atento à essas questões e se informe com seu guia.
LINKS ÚTEIS:
➢ Guia de Condutores – Peruaçu
➢ Guia de Hospedagens e Restaurantes – Peruaçu
➢ Formulário de Agendamento de Visitas

Foto: Samantha Viegas / @samfviegas
*Milena Lima tem 24 anos, é estudante de Turismo pela UFMG. Aficionada por turismo de aventura e produção de eventos.