
A lagoa da Pampulha continua linda, mas é preciso despoluir para navegar e abrir para os esportes náuticos- créditos: divulgação
07-10-2025 às 11h00
Samuel Arruda*
Um dos principais cartões-postais da capital mineira, a Lagoa da Pampulha voltou ao centro dos debates públicos neste domingo (6), após o prefeito Álvaro Damião anunciar a implementação de passeios turísticos em embarcações do tipo catamarã. A iniciativa, embora bem recebida por parte da população, gerou também reações críticas nas redes sociais devido ao atual estado de conservação da lagoa, que ainda enfrenta sérios problemas de poluição.
Apesar de mais de R$ 100 milhões já terem sido investidos ao longo dos anos em ações de despoluição, a Lagoa da Pampulha continua recebendo esgoto doméstico in natura, proveniente de bairros de Belo Horizonte e de diversos córregos da Região Metropolitana. A reportagem do Diário de Minas esteve na orla da lagoa no dia do anúncio e verificou que a qualidade da água segue comprometida.
Durante o evento, o prefeito declarou que a lagoa “está em boas condições” e que os passeios turísticos devem começar em breve. Ele aproveitou para rebater críticas:
“A comunicação da prefeitura me perguntou se podia fazer o material para o catamarã, eu disse que podia. Porque o nosso barco turístico não é promessa de aventureiro. Agora que a Pampulha está bonita, apareceu um monte de jacaré, sapo, para falar que a lagoa é dele. A lagoa é dos belo-horizontinos, é dos mineiros, dos brasileiros e do mundo. A lagoa não tem dono”, afirmou.
O anúncio, no entanto, repercutiu de forma controversa. Em menos de 24 horas, o tema virou motivo de piadas e chacotas nas redes sociais, com internautas questionando a viabilidade de passeios náuticos em um corpo d’água ainda considerado poluído.
A Lagoa da Pampulha é símbolo afetivo e cultural de Belo Horizonte. Projetada na década de 1940 durante a gestão do então prefeito Juscelino Kubitschek, a região atrai diariamente famílias, turistas, praticantes de esportes e visitantes da famosa Igreja de São Francisco de Assis — patrimônio arquitetônico assinado por Oscar Niemeyer com jardins de Burle Marx e painéis de Cândido Portinari.
O Diário de Minas reconhece e valoriza a iniciativa do prefeito, que busca dar novos usos à lagoa e atrair mais turistas para a região. No entanto, ressalta a importância de priorizar, com urgência, a solução definitiva para o problema do lançamento de esgoto in natura em seus afluentes, de forma a garantir que o espaço cumpra plenamente sua função ambiental, turística e simbólica
Assista ao vídeo da reportagem completa. https://www.youtube.com/watch?v=u7_GTREbAF0
*Samuel Arruda é jornalista