
Marítimos são todas aquelas pessoas necessárias aos diversos postos de trabalho em um navio em viagem nos oceanos - créditos: Apoamar
05-10-2025 às 08h32
Direto da Redação
O setor Aquaviário do Brasil enfrenta dificuldades com a falta de marítimos para atender a demanda dos navios brasileiros. É que o setor precisa de mão de obra especializada, mas é insuficiente o número de profissionais para atendimento da demanda.
A Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem (Abac) informa haver 356 vagas não preenchidas nas empresas associadas à entidade e à Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo (Abeamo) no primeiro semestre deste ano. O levantamento realizado não levou em conta a Petrobras e as subsidiárias Transpetro.
O mais grave, no entanto, é que, segundo a Abac, o Plano Estratégico da Petrobras 2026-2031 prevê a entrada de novas embarcações, o que aumentará ainda mais a demanda por trabalhadores. E outra: segundo estudo realizado, o índice de reprovação é alto devido aos exames de saúde ocupacional, o que dificulta mais ainda o quadro. É de cerca de 500 marítimos o déficit até 2030.
Quem é responsável pela formação desses profissionais? A Marinha, nas unidades da Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (Efomm): o Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (Ciaga), no Rio de Janeiro e o Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar (Ciaba), em Belém, Pará.
Luís Fernando Resano, diretor executivo da Abac, explica que o déficit no número de oficiais da Marinha Mercante acontece devido ao orçamento contido nas escolas de formação. Isso e mais o controle do número de vagas, a fim de manter a empregabilidade. “Diferentemente de qualquer outra profissão, em momento de aumento da demanda, é demorado para o mercado reagir, uma vez que a formação desses profissionais varia de 4 a 5 anos”.
Ele acredita ser necessário utilizar a capacidade máxima das duas escolas sem olhar para a demanda, garantindo a oferta a qualquer momento. “Uma segunda ação é manter o curso de adaptação à segundo oficial de Náutica e Máquinas, que habilita profissionais que já possuem curso superior a se tornarem oficiais da Marinha Mercante. Trata-se de uma formação mais rápida, de um ano e meio a dois. Esses cursos já existiram e foram descontinuados e agora estão sendo retomados, mas não deveriam ter sido desmobilizados”.
Segundo Luís Resano foram quase sete mil inscrições recebidas para o concurso do curso de adaptação deste ano, em uma semana. “Os marítimos tiveram importantes conquistas trabalhistas com regime de trabalho e de salários bem superiores a outras profissões, o que parece ser um grande atrativo para a carreira”, disse o diretor-executivo da Abac.
Nos últimos três anos, a Marinha do Brasil vem capacitando mão de obra. Foram chamados 15.237 aquaviários ao ano. Desse número, cerca de 10% foram oficiais da Marinha, 1.530 pessoas, ou seja, nos últimos três anos, 510 foi a média de novos oficiais.
Mesmo tantos alunos sendo formado pela Marinha, a demanda da indústria marítima brasileira precisa de mais mão de obra especializada, como admite Celso José Machado de Rosario, comandante do Corpo de Alunos da Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (Efommm).
Ele explica que o curso possui três anos de formação militar de internato. Durante esse período os alunos têm disciplinas teóricas – como navegação, máquinas, eletrônicas, inglês técnico e legislação marítima – além de práticas com simulações em laboratório, exercício no mar e treinamento militar-naval.
Após o terceiro ano acontece o estágio embarcado em navios mercante, onde o aluno aplica os conhecimentos adquiridos na prática da profissão. As novas turmas são formadas anualmente, sendo necessário ser aprovados em concurso público, que exige nível médio completo e idade entre 17 e 23 anos, além de aprovação em exames físicos e médicos;
“Eles saem aptos a trabalhar em navios mercantes de bandeiras brasileira ou estrangeira, podendo atuar também em empresas de logística, plataformas, “offshore”, portos, órgãos governamentais e agências reguladoras. Muitos são rapidamente absorvidos pelo mercado, dada a qualidade da formação”, afirma Machado.
Como explicou ele, os três primeiros anos de curso são em regime de internato. Os alunos têm disciplinas teóricas como navegação, máquina. Eletrônica, inglês técnico e Legislação Marítima, além de práticas com simulações em laboratório, exercícios no mar e treinamento militar-naval. Após a conclusão do curso e do estágio embarcado, o aluno recebe o título de bacharel em Ciências Náuticas.