“Calor” é a palavra do momento e daqui para frente em todo lugar
Os “Rios morrem de sede” – título do livro do escritor e jornalista Wander Piroli – e morrem desde a década de 1970, quando foi realizada a primeira “Cúpula da Terra”, em Estocolmo.
25-09-2023 às 15:16h.
Direto da Redação
“Calor.” Esta é a palavra mais pronunciada, agora, e nos últimos dias. Daqui para frente tem-se a impressão de que será pronunciada muitas vezes mais porque já estamos colhendo os frutos da destruição do ambiente inteiro ao longo dessas décadas, senão do século.
Por aqui, o registro é de que a temperatura teve aumento de 138%. Nesta segunda-feira, 25, fez, em Belo Horizonte. 38,6°C e 2,3 mil mineiros foram internados em hospitais, crianças de 9 anos e idosos com mais de 60 anos.
Quem tem amadurecimento bastante para refletir a respeito do momento em que vivemos pode tomar o globo terrestre como um corpo humano e então sentirá na pele o porquê de estarmos agora reclamando do calor.
Os “Rios morrem de sede” – título do livro do escritor e jornalista Wander Piroli – e morrem de sede desde a década de 1970, quando o mundo realizou a chamada “Cúpula da Terra”, em Estocolmo.
A revolução industrial em sua plenitude poluidora cuspia fumaça por todas as chaminés, e aos pouquinhos, muito lentamente, a sociedade local e mundial começou a se conscientizar da necessidade de diminuir a poluição dos ares. E a reduzir a poluição dos rios, o que não conseguiu até aqui.
Mais, muito mais essa nossa sociedade consumista conseguiu fazer, destruiu florestas virgens do Cerrado, da Mata Atlântica e da Amazônia, de onde nos vêm os rios aéreos, que trazem as chuvas para o Sudeste do Brasil.
E quando se diz Sudeste, o leitor deve logo se localizar – Minas está no Sudeste – e se as chuvas não acontecerem como aconteciam, tudo está explicado, os rios aéreos estão sendo “cortados” e as consequências são as que estamos sentindo. E olhe que isso, infelizmente, será só uma amostra.
O grave mesmo é não ter meios de reverter o processo em curso e o que temos a fazer é procurar nos adaptarmos aos novos tempos e cada um fazer a sua declaração de mea-culpa, porque há os grandes responsáveis por tudo isso, são os governos, a classe empresarial de modo geral, principalmente os que se utilizam de alguma forma do meio ambiente para ganhar dinheiro.
E para chegarmos à situação em que hoje estamos vivendo todos nós temos a sua parcela de responsabilidade e até mesmo aquelas pessoas que podem estar dizendo: “Mas eu não destruí nada”. Se fizer uma mea-culpa ninguém escapa, nem mesmo aquela pessoa que, “por descuido”, deixou cair um bolo de papel na rua, bolo que desceu pela sarjeta e ajudou a entupir a boca de lobo, e, portanto, contribuiu para inundar a rua quando a chuva chegou.
A coisa mais fácil é destruir. De posse de motosserra, qualquer cidadão derruba uma árvore que levou décadas para se tornar adulta. Plantar uma árvore nem toda pessoa pensa nisso, mas aprecia a sombra dela e os seus frutos.
Diante desse quadro inóspito que se prenuncia, pesa mais na consciência a irresponsabilidade desta geração em relação a qualidade do mundo que vamos deixar para os pequeninos, nossos netos e bisnetos.
Estes terão razões de sobra para nos culpar por tudo que fizemos e que não fizemos e por isso chegamos a este ponto.